terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nascimento do Obi
Obi é um elemento muito importante no culto de Orisa. A noz de cola, Obi, é o símbolo da oração no céu. É um alimento básico, e toda vez que é oferecido seu consumo é sempre precedido por preces. Foi Orunmila quem revelou como a noz de cola foi criada. Quando Olodunmare descobriu que as divindades estavam lutando umas contra as outras, antes de ficar claro que Esu era o responsável por isso, Ele decidiu convidar as quatro mais moderadas divindades (Paz, a Prosperidade, a Concórdia e Aiye, a única divindade feminina presente ), para entrarem em acordo sobre a situação .... Eles deliberaram longamente sobre o motivo de os mais jovens não mais respeitarem os mais velhos, como ordenado pelo Deus Supremo. Todos começaram então a rezar pelo retorno da unanimidade e equilíbrio. Enquanto estavam rezando pela restauração da harmonia, Olodunmare abriu e fechou sua mão direita apanhando o ar. Em seguida abriu e fechou sua mão esquerda, de novo apanhando o ar. pós isso, Ele foi para fora, mantendo Suas mãos fechadas e plantou o conteúdo das duas mãos no chão. Suas mãos haviam apanhado no ar as orações e Ele as plantou. No dia seguinte, uma árvore havia crescido no lugar onde Deus havia plantado as orações que Ele apanhara no ar.
Ela rapidamente cresceu, floresceu e deu frutos Quando as frutas amadureceram para colheita, começaram a cair no solo. Aiye pegou-as e as levou para Olodunmare,e Ele disse a ela para que fosse e preparasse as frutas do jeito que mais lhe agradasse. Primeiro, ela tostou as frutas, e elas mudaram sua textura, o que as deixou com gosto ruim. No outro dia, Ela pegou mais frutas e as cozinhou, e elas mudaram de cor e não podiam ser comidas. Enquanto isso, outros foram fazendo tentativas, no entanto todas foram mal sucedidas. Foram então até Olodunmare para dizer que a missão de descobrir como preparar as nozes era impossível. Quando ninguém sabia o que fazer Elenini, a divindade do Obstáculo, se apresentou como voluntária para guardar. as frutas. Todas as frutas colhidas foram então dadas a ela. Elenini então partiu a cápsula, limpou e lavou as nozes e as guardou com as folhas para que ficassem frescas por catorze dias. Depois, ela começou a comer as nozes cruas. Ela esperou mais catorze dias e depois disso percebeu que as nozes estavam vigorosas e frescas. Após isso, ela levou as frutas para Olodunmare e disse a todos que o produto das preces, Obi, podia ser ingerido cru sem nenhum perigo. Deus então decretou que, já que tinha sido Elenini, a mais velha divindade em Sua casa quem conseguiu decodificar o segredo do produto das orações, as nozes deveriam ser dali por diante, não somente um alimento do céu, mas também, onde fossem apresentadas, deveriam ser sempre oferecidas primeiro ao mais velho sentado no meio do grupo, e seu consumo deveria ser sempre precedido por preces. Olodunmare também proclamou que, como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos. Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo Próprio Olodunmare e tinha duas peças. Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente.
A próxima noz de cola tinha três peças, as quais representavam as três divindades masculinas que disseram as orações que fizeram nascer a árvore da noz de cola. A próxima tinha quatro peças e incluía assim Aiye, a única mulher que estava presente na cerimônia. A próxima tinha cinco peças e incluiu Orisa-Nla. A próxima tinha seis peças representando a harmonia, o desejo das orações divinas. A noz de cola com seis peças foi então dividida e distribuída entre todos no Conselho. Aiye então levou a noz de cola para a Terra, onde sua presença é marcada por preces e onde ela só germina e floresce em comunidades humanas onde existe respeito pelos mais velhos, pelos ancestrais e onde a tradição é glorificada. OBÍ !!! E o fruto que em todas as circunstâncias se rende a os ORIXAS; oferenda e alimento ritual dos deuses e antepassados.com a oferenda do OBI se começa todos os rituais e cerimônias. - Quando OBATALA o dono do obí, reuniu todos os ORIXAS para dar a cada um o direito do obi. Esta assembleia de reparte a cada um os poderes do OBI em baixo da palmeira. OBATALA, pois, aos pés de cada ORIXA um OBI, por isso, todos os ORIXAS tem o direito do OBI. Ao redor da palmeira sagrada os ORIXAS escutaram respeitosamente as instruções de OBATALA. o único que se mostrou relutante foi OBALUAIYE, mas no entanto OBATALÁ o dominou a fim teve que acatar a vontade do chefe supremo. Desde de então não possível praticar o rito aos ORIXAS e os ANTEPASSADOS, sem antes ter concebido a oferenda do OBÍ. assim nasce o culto e a cerimônia dos obi que também é representado como o fruto mas sagrado dentre o culto dos orixas acreditam-se que é a própria boca dos orixas e considerado como a "ÓSTIA" . Dentre o culto do OBI temos o mais comum que o "OBI ABATA" o OBI de 4 bandas que é o mais comum nas consultas.também se dividi no em 2 macho e 2 femeas que traz com 9 combinações agbá. temos o "OBI BANJA" que usamos geralmente para uma confirmação de algum trabalho.como também vários métodos e tipos de obi a ser usado em determinado cultos como por exemplo: OBI DE 3 BANDAS usada exclusivamente nas oferendas a EXÚ. OBI DE 5 BANDAS usado exclusivamente no culto as IYÁ MINS. Além das caídas que traz consigo o OBI ele também traz em suas apresentações através do posicionamento das caídas denomina APERE-TI e também com ele traz o símbolo do odu agbá conhecido também como perna do odu. Temos em cuba o oraculo semelhante ao do obi. Que é o COCO também conhecido como "OSHEBILLE" leva o nome do signo a qual ele nasceu: O awo chamado BIAGUÉ tinha um filho chamado ADIÁTÓTÓ. e seu pai lhe entregou seu único segredo: a arte, que havia recebido de IFÁ adivinhar com os cocos. Em sua casa BIAGUÉ tinha outros filhos que lhe obedecia como um pai e ele os consideravam como filhos pois eles eram adotivo com exceção de ADIÁTÓTÓ. Quando morre BIAGUÉ todos os filhos adotivos roubam tudo do verdadeiro herdeiro. ADIÁTÓTÓ fica no mundo passando por muita dificuldade. Um certo dia o OBÁ "rei" queria averiguar a quem pertencia o grande terreno que possuía BIAGUÉ no ILÉ ILÚ, na cidade, e ordenou que se apresentasse seu dono atual. o que declarou que o terreno lhe pertencia não tinha provas que o acreditasse e o porta voz divulgou o nome de ADIÁTÓTÓ. A qual foi ver o OBÁ e disse que o único que podia provar era ele pois era o único a qual BIAGÚE havia ensinado a arte de adivinhar com os cocos. Então todas as perguntas que o rei fazia, o obi respondia a verdade e dessa forma ADIÁTÓTÓ recebeu de volta toda sua herança deixada pelo seu pai qual seus falsos irmãos o roubaram e a única coisa que não conseguiram roubara foi a sabedoria de usar o coco como oraculo de adivinhação. Desta forma ADIÁTÓTÓ FOI O PRIMEIRO awo que adivinhou com o coco.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ORÍ – CABEÇA
Há numerosas traduções para ORÍ, algumas são mais apropriadas que outras dependendo do contexto. No uso comum ORÍ significa cabeça. Entretanto a tradução literal é mais perto do significado espiritual da palavra. ORÍ é composto do prefixo "O", que é o pronome pessoal ele/ela, e do sufixo "RÍ" que significa perceber. Assim melhor que significar apenas cabeça física, seria mais exato compreender o significado da palavra como o assento da percepção. Na terminologia ocidental poderia também significar o assento da consciência. O conceito do assento da percepção é conhecido no Taoísmo como o "Eu desconhecido" que existe no ponto central da consciência. A disciplina espiritual de Ifá sugere que o "Eu desconhecido" descrito em Taoísmo possa ser aproximado com a possessão do transe. Em IFÁ, ORÍ é considerado também o altar sagrado pessoal que acomoda uma comunicação com as forcas espirituais que existem no mundo. Esta ligação ocorre através de três centros de axé situados na cabeça. Estes centros são chamados IWÁJÙ-ORÍ, ÀTÀRÍ e IPÁKÒ. IWÁJÙ-ORÍ - A fonte da Potência Espiritual na testa. A palavra IWÁJÙ-ORÍ é traduzida geralmente para significar testa. Entretanto na língua de IFÁ tem um significado esotérico mais profundo. O axé situado na testa é a fonte da Divina inspiração a respeito das perguntas do desenvolvimento do caráter. Isto sugere que o IWÁJÙ-ORÍ é similar ao conceito místico oriental do TERCEIRO OLHO.
ÀTÀRÍ - Fonte da Potência Espiritual no alto da cabeça. ÀTÀRÍ significa o topo superior da cabeça. Refere-se também ao axé central no topo da cabeça ou a coroa do crânio. Na forma oriental da Yoga, esta área é geralmente referida como o chacra da coroa. É neste ponto que o indivíduo liga o espírito interno com a dimensão transcendental chamada Nirvana. Em IFÁ esta dimensão é chamada LÀÍ-LÀÍ. Quando um indivíduo liga sua própria consciência com o reino de LÀÍ-LÀÍ têm uma experiência de fonte da criação que é descrita geralmente como sendo além do tempo e do espaço. Esta é uma ideia difícil de explicar, porque não traduz facilmente em palavras. Entretanto este conceito de LÀÍ-LÀÍ sugere que há uma diferença entre a compreensão intelectual da unidade de estar e da experiência emocional da unidade de estar. Historicamente, sempre que os místicos tentaram descrever o índice de sua experiência do visionário, é expresso geralmente na língua poética ou simbólica. A finalidade do uso deste tipo de língua é a esperança que guiará outros além do intelecto a uma experiência direta no reino místico. IPÁKÒ - A fonte da FORÇA ESPIRITUAL na base do crânio. O IPÁKÒ fica situado na base do crânio onde o crânio junta-se com a garganta. É neste lugar que individuais forças da natureza (Orixá) unem com a consciência individual. O IWÁJÙ-ORÍ permite a visão mística e o IPÁKÒ permite a possessão. Isto pode parecer como uma distinção sutil, mas tais distinções são um aspecto importante na instrução de IFÁ. Quando o novato está executando a adivinhação, uma comunicação com o espírito é dirigida com o IWÁJÙ-ORÍ. Sempre que um novato se torna possuído por seu Orixá, o axé do Orixá entra no ORÍ do médium pelo IPÁKÒ. A habilidade do ORÍ ao receber o axé de Orixá é uma função da ressonância interna do próprio ORÍ. Em outras palavras, o axé de um Orixá particular que existe na consciência de um indivíduo particular tem a habilidade de atrair o axé deste mesmo Orixá que existe no mundo. Isto pode ocorrer como uma experiência visionária, ou como uma experiência de transe ou possessão. Um não é considerado tão melhor quanto o outro, ele simplesmente tem diferentes funções ritualísticas.
ORÍ-INÙ – INTERIOR ORÍ-INÙ significa interior. Esta definição é exata, mas limitada. Se o ORÍ for o assento da consciência, a seguir o ORÍ-INÙ é como um mistério dentro de um mistério. É o ser invisível dentro do próprio invisível, ou para usar uma frase do Yoruba, é o próprio que dança na frente do próprio. Ifá ensina que mesmo depois que nós alcançamos esse ponto central do nosso ser, ou a fonte da consciência, há um mistério interno mais profundo que permanece ilusório. É a tarefa de todas as várias formas e iniciação de Orixá e de IFÁ revelar o ORÍ-INÙ AO ORÍ. Os antigos sábios de Ifá fez uma análise muito completa daqueles elementos que dão forma a fundação do si próprio. Distinguiram mesmo entre elementos que unem a forma do interior (ORÍ-INÙ) que está na fundação de percepção do si próprio. Os componentes do ORÍ-INÙ são ÀPÁRÍ-INÙ e ORÍ ÀPEERE.
ÀPÁRÍ-INÙ - A FONTE DA CONSCIÊNCIA. ÀPÁRÍ-INÙ é feito das palavras "PÁ" que significa "marca ou sinal", da palavra "ORÍ" significando "consciência" e da palavra "INÙ" que significa "interno". A tradução mais desobstruída no português seria a MARCA DO SER INTERNO. Esta é uma referência à disposição interna para o processo de construir o caráter. IFÁ ensina que um ORÍ vem ao mundo com uma disposição para desenvolver o BOM CARÁTER e outro ORÍ vem ao mundo incapaz de agarrar facilmente a importância de desenvolver o bom caráter. Aqueles que conhecem a fonte necessária para construir o bom caráter através de seus próprios recursos internos desenvolvem o que é chamado a testemunha "ÈRÍ-OKÀN" que significa "TESTEMUNHA DO CORAÇÃO". Na língua de IFÁ para testemunha do coração é ter uma boa consciência. Àqueles que têm dificuldade de se tornar "ÈRÍ-OKÀN" são dados orientações e os rituais de limpeza para desenvolver esta consciência. Ambas as tendências emergem do ÀPÁRÍ-INÙ que está no núcleo da consciência de cada pessoa. ORÍ-ÀPEERE - OS PADRÕES DA CONSCIÊNCIA. A palavra ORÍ-ÀPEERE traduz para significar também modelo, o exemplo, ou o sinal da consciência. IFÁ ensina que todas as coisas são criadas pelos padrões da energia chamados ODÙ. Os padrões de ODÙ reaparecem durante toda a criação. Isto sugere que os padrões similares da energia em dimensões diferentes da evolução têm uma afinidade. Por exemplo, o fogo no centro do sol, o fogo no centro da terra e todos os fogos no fundo do forno dos ferreiros representam padrões similares da energia em reinos diferentes da criação. IFÁ diria que o mesmo espírito foi renascido em casas diferentes. Quando cada indivíduo escolhe um destino estão de fato escolhendo uma determinada energia padrão ou uma forca espiritual para guiar sua consciência em uma determinada reencarnação. A forca espiritual que encarna no consciente de um indivíduo, então torna-se o principal Orixá que é adorado em uma determinada estadia na vida. Com as sucessivas reencarnações, o Orixá que molda o ORÍ-ÀPEERE de um espírito humano mudaria, adicionando camadas de profundidade a consciência em desenvolvimento de cada alma reencarnada. ÌPÒNRÍ - O EU MAIS ELEVADO. O ÌPÒNRÍ é associado com o conceito de IFÁ de um "Eu" mais elevado. É uma referência que IFÁ descreve porque o dobro perfeito de cada alma existe no ÒRUN, ou dimensão invisível. Este é um conceito esotérico que sugere que toda a forma de consciência evolui de uma fonte primária que existe em purificar o impuro. Em IFÁ a finalidade de todo o crescimento espiritual é mover o ORÍ da animada consciência humana no alinhamento perfeito com a consciência eterna transcendente da qual toda vida evolui. É função da maioria das formas de transe usados em IFÁ para elevar a consciência além do "Eu" da consciência humana para o "Eu" que gera todos os ciclos de reencarnação. Este é um conceito difícil de expressar em termos objetivos, mas é um conceito que aumenta na clareza quando um indivíduo desenvolve a habilidade de funcionar como um médium para o Orixá. Quando um novato começa agarrar inteiramente o significado do ÌPÒNRÍ da uma dimensão adicionado a opinião de IFÁ que quando a vida de outra pessoa melhora a vida de todos melhoram. A base metafísica para esta opinião é que o ÌPÒNRÍ está enraizado ao ODÙ, e o ODÙ é enraizado a essência da criação que faz todas as coisas uma extensão desta.
ÌPÍN NKAN TÀBÍ TI ENÌKAN - O CONCEITO DE IFÁ SOBRE DESTINO. É a frase do yoruba usada para expressar a ideia do destino. É difícil traduzir literalmente, mas sugere a ideia que os limites do "Eu" estão determinados pelo coração. A frase é usada para descrever o conceito do destino, porque o destino é uma ideia multidimensional. O conceito Ifá para destino é uma integração de três componentes conhecidos como ÀKÚNLÈYÀN, ÀKÚNLÈGBÁ E ÀYÀNMÓ. ÀKÚNLÈYÀN - O conceito de ifá sobre escolha. É a parte do destino individual que é criado pela escolha individual. Isto seria comparável ao que é conhecido na filosofia ocidental como LIVRE-ARBÍTRIO. Na metafísica de IFÁ o livre-arbítrio inclui aquelas escolhas feito durante uma vida e aquelas que são feitas entre reencarnação sucessiva. Enquanto a vida progride, o ORÍ está efetuado pelos elementos do destino que são predeterminados e os elementos do destino que resultam do livre-arbítrio. Ou seja, nós podemos escolher um destino e nós podemos escolher ignorá-lo. Enquanto mais um indivíduo ignora seu destino escolhido, mais duro torna-se trazer o destino escolhido dentro do ser. ÀKÚNLÈGBÁ - O conceito de Ifá sobre Livre-arbítrio. É aquele elemento do destino pessoal que muda em consequência das escolhas feitas com o livre-arbítrio. Este conceito sugere que algumas escolhas que são feitas no curso de uma vida podem limitar ou expandir as escolhas que se tornam disponíveis deste ponto em diante. Por exemplo, a decisão de não aprender ler limitará o fluxo futuro da informação que está disponível a um dado pessoal. Se essa pessoa tem escolhido um destino como escritor, a decisão de não aprender a ler elimina a possibilidade de seu potencial inerente como um autor. ÀYÀNMÓ - Conceito de IFÁ sobre Predeterminação. São aqueles aspectos do destino que não podem ser alterados. Dentro da metafísica de IFÁ o aspecto mais significativo do ÀYÀNMÓ seria a época de morte predeterminada. IFÁ ensina que esta data não pode ser prolongada, mas com a infeliz escolha este dia pode vir prematuramente. Em termos muito simples, o conceito do ÀYÀNMÓ sugere que cada pessoa tenha uma escala de potencial nas áreas dadas que não podem ser prolongadas além de algum ponto. Dado a natureza do destino como descrita por IFÁ, é impossível ter um destino positivo que se torne interrompido pelo desenvolvimento infeliz do caráter. IFÁ ensina que a vacância do desenvolvimento do bom caráter pode conduzir a um decrescimento no potencial pessoal. Esta é porque que a sagrada escritura de IFÁ diz "ÌWÁ-PÈLÉ NI ÀYÀNMÓ" que significa que o CARÁTER É DESTINO. A opinião que o CARÁTER É DESTINO, coloca um valor espiritual elevado na elevação espiritual do ORÍ, porque o ORÍ é o centro do controle que guia o desenvolvimento do bom caráter. APEERE - CONCEITO DE IFÁ SOBRE PERFEIÇÃO. A escritura sagrada de IFÁ descreve o potencial humano pelos dizeres "ORÍ LÓ KÓ WON L'APEERE" que significa "SOMENTE O EU ALCANÇA O ESTADO DE PERFEIÇÃO". A sugestão aqui é que o ORÍ continua a se desenvolver até alcançar o APEERE, que á a palavra Yoruba para a conclusão e perfeição. De acordo com a escritura sagrada de IFÁ, aqueles que alcançam APEERE vivem na cidade sagrada chamada ILÉ IFÉ, que existe no centro do reino invisível do "ÒRUN". Aqueles que procuram APEERE (transformação espiritual) são guiados pelo conceito de IFÁ sobre BOM CARÁTER. A escritura sagrada de IFÁ está desobstruída que o CARÁTER não é uma introdução de riqueza ou de status social. O BOM CARÁTER é considerado um processo interno que coloca valores na honestidade, na limpeza e no interesse para o bem-estar da família prolongado. Valores como status sociais e riquezas são considerados ser aspectos do ÀYÀNMÓ, que é o aspecto fixo do destino. Os valores tais como HONESTIDADE, HUMILDADE E GENEROSIDADE são aspectos de ÀKÚNLÈYAN que é o destino que pode ser efetuado pelo LIVRE ARBÍTRIO. Estas ideias podem parecer obscuras e sem importância àquelas que foram levantadas com conceitos filosóficos ocidentais sobre o destino. Entretanto, são feitos exames muito seriamente por aqueles que executam a adivinhação e conduzem o ritual na cultura tradicional Yoruba. Três dias depois que uma criança nasce em uma família de adoradores de IFÁ/ORIXÁ, os mais velhos da comunidade executam uma cerimônia chamada "IKÒ ÉDAYÈ". Durante esta cerimônia, a adivinhação é executada para revelar os elementos fixos do destino da criança. Se a adivinhação indicar pouco no caminho da boa fortuna, os pais são lembrados de pagar uma atenção especial ao desenvolvimento do CARÁTER. Isso é por causa da opinião que o desenvolvimento do BOM CARÁTER pode literalmente mudar o destino de uma pessoa para melhor. Inversamente, o CARÁTER INFELIZ pode mudar o destino de uma pessoa para pior. É por causa desta dinâmica, dentro do desenvolvimento do potencial humano que a maioria de adivinhos de Ifá examina valores do CARÁTER quando uma pessoa vem para a consulta e se queixa de infortúnio.
ÀTÚNWÁ - O CONCEITO DE IFÁ SOBRE O RENASCIMENTO DO CARÁTER. A palavra ÀTÚNWÁ é uma contração de "ÀTÚNBÍ", (regeneração) e "ÌWÁ", significando CARÁTER. Em IFÁ a palavra é usada para descrever o que o misticismo oriental chama de REENCARNAÇÃO. Em muitas tradições religiosas orientais, a reencarnação é definida como o renascimento continuo da alma. O conceito de IFÁ sobre ÀTÚNWÁ é uma opinião similar, que incluí uma explanação complexa das forcas espirituais que são envolvidas no renascimento da alma. É significativo que a palavra Yoruba para reencarnação faz uso da palavra "ÌWÁ". É porque IFÁ ensina que através do processo de construção do CARÁTER, estão envolvidos o indivíduo e a família. Isto significa que o conceito de IFÁ sobre o CARÁTER está relacionado às introduções da responsabilidade geral. De acordo com IFÁ, não pode haver nenhum crescimento pessoal à custa de outro, e quando alguém na família prolongada não exibe o BOM CARÁTER, a família inteira sofre. Quando alguém em uma comunidade Yoruba exibe o CARÁTER INFELIZ, uma pessoa idosa perguntará invariável à pessoa para identificar seus pais. Isto é, porque a falha de viver até os limites gerais é considerada uma falha coletiva. Quando tal falha é identificada, há um esforço considerável dentro da família inteira para resolver o problema. Em termos metafísicos, o conceito do ÀTÚNWÁ está na fundação do conceito de IFÁ sobre o "Eu". Isto é porque o princípio organizado que cria a consciência humana (ORÍ) é ligado com o princípio organizado que cria a todas as formas de consciência. Quando esta ligação é agarrada com a visão mística, o ORÍ torna-se ciente de seu relacionamento com o ÌPÒNRÍ (o Eu mais elevado). O índice desta visão é a consciência que o Eu eterno remanesce durante toda a manifestação do ÀTÚNWÁ (reencarnação).
ÒRÌSÀ ORÍ
Segundo o pensamento da Cultura Yorùbá, o homem é constituído pelos seguintes princípios vitais: ARA – corpo físico; ÒJÌJI – Essência Espiritual; OKÁN – literal “coração” com profunda relação com o èjè (sangue), sede do pensamento intuitivo e fonte originária de todas as ações; ÈMÍ – sopro Divino, intimamente ligado a “respiração”. Quando uma pessoa morre se diz que Èmí foi embora. ORÍ – literal “cabeça”, abriga Orí Inú, a Consciência, responsável pelo destino pessoal, pelas oportunidades e dificuldades existenciais. Orí é a mais importante Divindade dessa constituição do Ser, visto que, por maior que possa ser o empenho das outras Divindades em tentar fortalecer o Ser, tudo dependerá de ser sancionado por Orí. Única Divindade que vem do Òrun para o Àiyé junto com o Ser e com ele fará a viagem do retorno. Orí Inú já existia antes do nascimento do Ser no Àiyé, podendo ser comparado a palavra “alma” ou “espírito”, segundo nos relata um destes ÈSÉ ÌTÒN ODÙ IFÁ que compõe o Odù Ògúndá Méjì nos informando que Orí é a ÚNICA Divindade que acompanhará o Ser no além-túmulo. Todos nascem com um “destino” a realizar, mas isso não quer dizer que sejamos um “joguete” nas mãos das forças que “determinam” radicalmente os acontecimentos a serem vividos no Àiyé (no Mundo). O Ser tem o poder de decidir pelo rumo dos acontecimentos da sua própria vida, principalmente de modo responsável do seu desenrolar, ampliando sua consciência e conhecimentos, desenvolvendo e disciplinado sua vontade, um dito popular Yorùbá diz: “A consciência da própria responsabilidade exigirá a disciplina da vontade”. Ifá diz que: “As realizações fundamentais da existência dependem não apenas de inclinações naturais ou da sorte, mas também dos esforços pessoais que, aliados à força do destino (Odù), promovem o desenvolvimento do ”Homem forte”, rico em saúde, genitor de prole numerosa e possuidor de respeitáveis recursos materiais.” ( Bàbálàwó Fabunmi Sowunmi) Orí Inú (Eu interior) e Eléèdá (Destino pessoal trazido pelo Odù + Òrìsà individual) estão relacionados intimamente.
Nos conta Ifá em uma Ìtòn Orí Òfúnkònròn em sua tradução para o Português: “Ao amanhecer Olókònròn não colocou sua coroa”. Não colocou em seu pescoço seu ilèké nlá (Grande Colar) que revela sua realeza. Não vestiu roupas especiais de ide. É com nobreza que se trata o nobre. É com sabedoria que se trata o sábio. Quando o mais velho parte fica o mais novo em seu lugar. É com prosperidade que se cresce na vida. Orí que será coroado não precisa ser grande. O pescoço que ostentará o colar da nobreza não precisa ser grande nem comprido. O corpo que vestirá o vestido com roupa de ide não precisa ser grande. Foram eles que fizeram um Jogo Divinatório para Orí no dia em que ele estava vindo do Òrun para o Àiyé. Orí perdeu-se e foi consultar Egúngún. Orí perdeu-se e foi consultar Oró. Orí perdeu-se e foi consultar Ifá, que é quem indica o caminho do Ser. Eléèdá, o Destino, indica ao Ser um bom lugar. Aquele que vem para o Mundo e deseja Ter sorte na vida deve perguntar à Ifá. O SER QUE VEM AO MUNDO E QUER SER IMPORTANTE DEVE DEIXAR ESPAÇOS PARA FAZER PERGUNTAS. NÃO RESPEITAR OS CONSELHOS DOS OUTROS, NÃO RESPEITAR AS PESSOAS QUE PODEM ORIENTAR, DEIXAR DE PERGUNTAR PELO CAMINHO É O QUE FAZ O HOMEM SE PERDER. Orí o grande teimoso. Òrìsà chamou Orí. Ele diz que Orí não tem sabedoria: - Você não sabe que Òsó é o líder dos feiticeiros? - Você não sabe que Ajé é a líder das bruxas? O Ser é quem dá origem ao Ser. O animal é que dá origem ao animal. - Orí, você não sabe que a mosca, antes de vir ao Mundo, consultou Ifá? - E que quando o pássaro vem ao Mundo, antes de vir, consulta Ifá? - Você sabe que nem as árvores que estão na floresta vieram ao Mundo sem antes consultar Ifá? - E que as folhas também não vieram ao Mundo sem antes consultar Ifá? Sòngó diz que quando você fala em sabedoria a uma pessoa e ela não entende, pode ser chamada de KO SI (não sabe – ignorante). Orí se cansou. Orí pensou muito e ficou cansado com seus problemas. Ele não sabia o que falar. Não sabia o que fazer. Quem não pergunta por nossos problemas não saberá de nossos problemas. Ògún chamou Orí: - Aquele para quem você se esforça para transmitir sabedoria e não chega a ser sábio (não aprende) é como uma árvore que não responde; - Aquele que você se esforça para transmitir conhecimentos e não chega a Ter conhecimento é como uma palmeira em uma floresta; - Aquele cuja sensibilidade você estimula e não chega a ser sensível é como uma árvore na qual se esbarra. - Aquele a quem você indica o caminho e não reconhece o caminho é como uma árvore a que prestasse um favor. Ògún ainda diz para Orí: - Já te dei sabedoria. Agora procure mais sabedoria e junte à que já te dei. - Já te dei conhecimentos. Agora procure mais conhecimentos e junte aos que já te dei. Ògún foi embora dizendo: - Quando recebemos sabedoria de um sábio devemos acrescentar a ela nossa própria sabedoria. Quando recebemos sabedoria, orientamos aos outros. O QUE DETÉM SABEDORIA É CHAMADO DE SÁBIO. O QUE CONHECE AS COISAS É CHAMADO DE CONHECEDOR. O QUE TEM SENSIBILIDADE É CHAMADO DE SENSÍVEL. Orí pensou a respeito de sí próprio. Estava cansado de si mesmo. Orí foi consultar Èsú e lhe disse: - Você Èsú que é famoso e generoso, é você que vim consultar. Orí lhe disse que pensara tanto sobre os próprios problemas que chegava ao ponto de sentir um nó no intestino. Èsú disse para Orí que seu problema era consigo mesmo e pediu a ele que o conduzisse para o Mundo. Èsú lhe pediu: Três búzios; Um galo; Bastante azeite de dendê; Bastante oti (gyn). Orí providenciou tudo. Èsú lhe disse: - QUEM TEM PROSPERIDADE NO MUNDO TEM QUE SEPARAR A PARTE DE ÈSÚ. - QUEM QUISER PROCRIAR NO MUNDO NÃO DEVE DEIXAR ÈSÚ PARA TRÁS. E perguntou para Orí: - Você não sabe que eu sou o mensageiro de Elédùmarè? - E que sou eu quem está atrapalhando seu caminho? - Que sou eu que estou te empurrando para todos os caminhos? Orí deu-lhe as costas e foi indo embora. Èsú o chamou para que voltasse. Disse-lhe que quando uma pessoa faz uma pergunta, deve aguardar a resposta. Èsú mandou que Orí o acompanhasse e o levou para a casa de Òrúnmìlà. Na casa de Ifá, Èsú deu para Orí um búzio para que ele falasse nele os seus problemas. Orí falou no búzio seus problemas e entregou a Òrúnmìlà. Òrúnmìlà fez o jogo. O que apareceu foi um símbolo de que Orí se perdera no caminho. Òrúnmìlà disse: - Orí, você se perdeu muito e foi parar no infinito. Sofreu tanto que já está perdendo os cabelos. - Você andou e foi para na casa de Sòngó.
- Você andou e foi parar na casa de Ògún. Falaram com você por metáforas e símbolos e você não entendeu. A terceira pessoa, que é Èsú, foi quem te trouxe aqui. - Você não sabe que ninguém vai para o Mundo sem antes consultar Ifá? - Você não sabe que ninguém faz nada se deixar para trás a importância de seu Orí? - Você não sabe que ninguém faz nada sem pedir consentimento de seu destino? Òrúnmìlà pediu que Orí providenciasse os seguintes elementos para Ifá: 2 camundongos; 2 peixes; 1 galo ou galinha grande; 1 cabra com chifres grandes; Obi grande; Orógbó grande Sèkèté (um tipo de aguardente de milho). Òrúnmìlà recomendou que Orí oferecesse um galo para Èsú. Òrúnmìlà recomendou que Orí oferecesse um obi de três partes e água fresca para seu Eléèdá. Orí providenciou tudo. Fez as oferendas para Ifá, para Èsú e para seu Eléèdá, conforme instruído por Ifá. Após as oferendas Ifá respondeu para Orí: - O seu problema não está nem com Egúngún nem com Òrìsà. Seu problema é com seu Eléèdá. SE O HOMEM TEM PROSPERIDADE NA VIDA AGRADEÇA A SEU ORÍ. SE O HOMEM TEM PROGRESSO NA VIDA AGRADEÇA A SEU ORÍ. O HOMEM DEVE VENERAR SEU ORÍ PORQUE ELE É O PRIMORDIAL ENTRE OS ÒRÌSÀ. ORÍ É O MAIS VELHO DOS ÒRÌSÀ. Òrúnmìlà chamou Èsú e mandou que indicasse o caminho para Orí. Quando Èsú chegou a encruzilhada que liga o Òrun ao Àiyé, mostrou o caminho que Orí deveria seguir para encontrar seu Destino. E mandou que ele seguisse esse caminho entoando a seguinte cantiga: “MEU PROBLEMA NÃO É COM EGÚNGÚN; MEU PROBLEMA NÃO É COM ÒRÌSÀ; MEU PROBLEMA É COM MEU ELÉÈDÁ.” CONCLUSÕES: Devemos observar que Orí recebe ensinamentos de Èsú, Sòngó, Ògún e Òrúnmìlà. Ògún enfatiza que O ESFORÇO DO MESTRE NÃO É SUFICIENTE PARA DESENVOLVER O APRENDIZ. Tem que haver o empenho de ambos e determinada tarefa do Mestre cabe ao Aprendiz dar continuidade a busca de mais conhecimentos, pois para ele caberá o trabalho de levar conhecimento para outras pessoas. Èsú mostra para Orí A NECESSIDADE DE PERGUNTAR, SANAR DÚVIDAS E AGUARDAR A RESPOSTA. Deixa ele claro também que uma das coisas que fez por desorientar Orí FOI A NEGLIGÊNCIA NO TRATO COM ÈSÚ. Já Òrúnmìlà, além de enfatizar que OS ENSINAMENTOS DADOS POR ÈSÚ E ÒGÚN SALIENTAM A NECESSIDADE DE ORÍ SEGUIR CONSELHOS DE QUEM ORIENTA. Acatado por Orí todos os conselhos e ensinamentos, mesmo assim é recomendado que ele retorne para ao Àiyé repetindo, para não se esquecer, que SEUS PROBLEMAS E RESPECTIVAS SOLUÇÕES SERÃO ENCONTRADAS NA SUA RELAÇÃO COM SEU ELÉÈDÁ.
MUDE SUA VIDA REZANDO PARA "ORI" Esta reza é para ser feita todas as manhãs, ou pelo menos 4 vezes na semana. Ao acordar, pela manhã, bem cedo, não fale com ninguém. Vá até o seu quarto de orisá, em frente ao Igbá de seu orisá fun fun (Obatalá). Caso não tenha em casa, vá à uma área onde você veja o Sol nascendo. Coloque uma eniyn (esteira), caso não tenha, coloque um lençol branco. Ajoelhe-se, de frente para o Sol. Pegue um pouco de Gyn e bocheche, cuspindo para o lado. Não engula o Gyn. Pegue um copo de água fresca. Molhe o centro de sua cabeça e invoque ORI. Ori oooooo. Ori oooooo. Ori ooooo. E então proceda a essas Rezas. Não é necessário rezar em Yorubá, mas pode rezar. IRE O (BOA SORTE PARA VOCÊ) OFÒ FÚN BIBÓ ORÍ (encantamento para propiciar a cabeça). ÒRÚNMÌLÀ NÍ ODI ÈDÙN, MO NÍ ODI ÈDÙN. ÒRÚNMÌLÀ NÍ ODI ÈDÙN OKÀN, MO NÍ ODI ÈDÙN OKÀN. ONÍ TÍ EGBÉ ENI NBÁ LÓWÓ, T’A ÀBÁ LÒWÒ, Ò NÍ ORÍ ENI L’ÀÁ KÉPÈ. ONÍ TÍ EGBÉ ENI BÁ À NSE, OHUN RERE TÁÀBÁ RÍ OHUN RERE SE, Ò NÍ ORÍ ENI L’ÀÁ KÉPÈ. ORÍ MÌ, WÁ SE LÉ GBÈ LÉHÌN MI. IGBA, IGBA, NÍ ORÒGBÒ NSO LÓKO; IGBA, NÍ OBÌ NSO LÓKO . IGBA, IGBA NÍ ATAARE NSO LÓKO. IGBA , AJÉ KÓ WOLÉ TÓ MI WÁ. OÒGÙN, ÀÌSÀN, EJÓ, WÀHÁLÀ, IKÚ, ÀÍRÍJE, ÀÌRÍMU KÓ PÒÓRÁ . TÍ EFUN BÁ WO INÚ OSÙN, ÁPÒÓRÁ . KÍ GBOGBO WÀHÁLÀ MI PÒÓRÁ . ÀWÍSE NÍ TI IFÁ, ÀFÒSE NÍ TI ÒRÚNMÌLÀ. ÀBÁ TÍ ALÁGEMO BÁDÁ NI ÒRÌSÀ ÒKÈ NGBÀ. KON KON NÍ EWÉ INÓN NJÓ, WÀRÀ, WÀRÀ, NI OMODÉ NBO OKO ÈSÌSÌ. ILÉ ÒGBÁ ÒNÒN Ò GBÁ NÍ TI ÀRÁGBÁ. GBOGBO OHUN TÍ MO SO YÌÍ , KÍ ARÒ KÓ RÒ MÒ ÀSE, ÀSE, ÀSE! ÒRÚNMÌLÀ que fortifica os tristes, Fortifique-me, eu estou triste. Òrúnmìlà que fortifica o coração triste, Fortifique o meu coração triste. Senhor da comunidade, Aquele que é honrado e respeitado, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua ajuda. Senhor da comunidade, esteja conosco (me acompanhe), Que as coisas boas nos encontrem, e que obtenhamos coisas boas, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua a ajuda. Minha cabeça, venha cobrir a casa e minha retaguarda. Duzentos, duzentos, que orògbò cresça na floresta; Duzentos, que obì cresça na floresta. Duzentos, duzentos, que atare cresça na fazenda. Duzentos, que o poder do dinheiro adentre minha casa. Que as feitiçarias, as doenças, os problemas, as aflições, A morte, a fome, a sede, desapareçam da minha vida. Quando efun entra no osùn, ele desaparece. Que todas as minhas aflições desapareçam. Que a palavra de Ifá se realize, e a de Òrúnmìlà também.(como um canto) E ao encontrarem Alágemo realizem-se através dos Òrìsà, que aceitam do alto. A folha no fogo queima rapidamente, (que meus pedidos realizem-se assim). Leite, leite, escorra para as crianças em quantidade, como é na Fazenda Èsìsì. Que minha casa, meus caminhos, meus conhecidos se engrandeçam. Que todos os meus votos façam desabrochar, e transformar-se para mim, Afim de que ao nascer do dia eu encontre facilidades. Assim seja!
O que é “Àbíkú”?
A tradução literal é “nascido para morrer” (a bi ku) ou “o parimos e ele morreu” (a bi o ku), designando crianças ou jovens que morrem antes de seus pais. Há, assim, dois tipos de Àbíkú: o primeiro, Àbíkú – omode, designando crianças e o segundo, Àbíkú – Agba, referindo-se a jovens ou adultos que morrem, via de regra, em momentos significativos de suas vidas e sempre antes dos pais, apresentando nisso uma alteração da ordem natural que socialmente é aceita e entendida como: aqueles que chegaram ao Aiyé (mundo físico) primeiro, voltam primeiro ao Orún (mundo espiritual). Nessa questão, além da lógica natural, está presente a garantia da continuidade no Aiyé e a certeza da lembrança e do culto ao ancestral que deixa descendentes que recontarão sua história ao longo dos tempos, garantindo sua “sobrevivência” na comunidade. No Orún vive um grupo de crianças chamadas Emere ou Elegbe e este grupo constitui o Egbe Orún Àbíkú, ou seja, sociedade das crianças que nascem para morrer. Contam os mitos que a primeira vez que os Àbíkú vieram para a terra foi em Awaiye e constituíam um grupo de duzentos e oitenta, trazidos por Alawaiye, chefe deles no Orún. Na encruzilhada que une o Orún ao Aiyé, ikorita meta, todos pararam e vários pactos foram feitos, definindo o momento particular do retorno de cada um ao Orún.
Alguns voltariam quando vissem pela primeira vez o rosto da mãe, outros quando casassem, um terceiro grupo voltaria quando completassem determinado tempo de vida, um quarto grupo voltaria quando tivessem o primeiro filho, e assim por diante. E o carinho dos pais, o amor que recebessem ou os presentes não seriam capazes de retê-los no Aiyé. Alguns assumiram o compromisso de que nem nasceriam. Esse pacto deveria ser cumprido e os seus companheiros no Orún manterem-se presentes na sua vida, interagindo no seu dia a dia, para que não o esquecessem e retornassem ao Orún tão logo o momento pactuado ocorresse. Como chega a ocorrer o nascimento ou a manifestação de um Àbíkú em uma gravidez? O Ioruba acredita que a ação do Àbíkú ocorre por determinação do destino da mãe, ou por força de magia/feitiçaria, ou por condições acidentais. O Prof. Sikiru Salami e a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, na sua monografia “Ayedungbe: a terra é doce para nela se viver – rito na luta contra a morte de Àbíkú”, definem essas condições acidentais como “aquisição inadvertida de um Àbíkú por uma mulher grávida que não tenha tomado os necessários cuidados para evitar isso”.
Existe a crença de que uma mulher grávida, ao passar por determinados locais em que os Àbíkú se estabelecem, se não estiver devidamente protegida, pode ver-se invadida por este “espírito” e tornar-se sujeita à gravidez de um Àbíkú. Por isso cuidados especiais são tomados pelas mulheres tão logo tenham consciência do estado de gravidez. Não é raro que mulheres grávidas carreguem junto a barriga um “ota”, devidamente preparado, para evitar essa “invasão” por parte de um Elegbe. Sacrifícios, oferendas e rezas são feitas também com o objetivo de evitar que uma mulher tenha filhos Àbíkú ou que, grávida, venha a ser “invadida” por um deles. Deixando de lado condições acidentais ou efeito de magia/feitiçaria, temos observado que a ocorrência de Àbíkú numa mãe invariavelmente repete uma história familiar que podemos reconhecer procurando os seus antecedentes. Ou seja, podemos procurar nos antecedentes familiares da mãe para constatar, invariavelmente, que este Àbíkú vem se fazendo presente na família, geração após geração, em linha direta ou não. Outra questão interessante é que podemos afirmar com grande precisão que alguns Odú de nascimento predispõem a ocorrência de Elegbe. Assim, temos que mulheres regidas pelo Odú Ogundabede (Ogunda + Ogbe) são naturalmente predispostas a gerarem filhos Àbíkú e, identificadas, quando ainda não são mães, certas oferendas são realizadas e alimentos são-lhes dados para prevenir a ocorrência.Ebó igualmente é feito nas situações em que já geraram filhos ou planejam gerar – um preá é colocado acima da porta de entrada da casa e um peixe acima da porta de trás, para proteger os moradores da visita dos Elegbe que ali vêm em busca de seus companheiros. Neste caso, deixam de ter acesso ao interior da casa e levarão, no lugar da pessoa que vieram buscar, o preá e o peixe. Um Orin Egbe, cantiga dedicada a Aragbo ou Ere Igbo, Orixá protetor das crianças Àbíkú, fala-nos desse Ebó. Entendemos, assim, que Egbe é cultuado e louvado com a finalidade de defender as crianças da morte prematura e oferendas lhe são feitas para que “desistam” de levar os Àbíkú de volta para o Orún, sendo um de seus objetivos a questão da manutenção dessas crianças no Aiyé.
Cultos e oferendas são realizados tanto para que a comunidade de Àbíkú abra mão de levá-los de volta, como para que Ere igbo os proteja de serem reconduzidos à terra espiritual.” Todas as pessoas nascidas dentro do Odú Ogundabede, homens e mulheres, devem cultuar Egbe. Entende-se também que quem o cultua evoca as suas bênçãos em benefício das crianças do núcleo familiar. Aliás, o culto de Egbe e suas festas trazem muita semelhança com as festas e o culto que se fazem para “Cosme e Damião” e que são, muitas vezes, confundidas com o culto do Òrìsà Ibeji. Este Òrìsà e Egbe (ou Aragbo) são de distintas naturezas, justificam abordagens e tratamentos diferenciados, têm formas particulares de serem louvados, são cultuados por diferentes razões e necessidades, e os seus cultos não podem ser confundidos sob pena de incorrermos em erro de fundamento.Por último, dois aspectos são importantes de serem nomeados: o primeiro, diz respeito ao que podemos chamar de comportamento peculiar da criança Àbíkú. São, certamente, crianças que se distinguem por este aspecto. Segundo, a resistência, na nossa cultura, que os pais têm em aceitar o fato de terem um filho Àbíkú e a dificuldade consequente em lidar com esta criança e todas as necessidades decorrentes da luta pela sua permanência no Aiyé. Cabe aí um importante papel para o sacerdote que pode ajudá-los a compreender a questão, dar-lhes orientação e acompanhamento durante todo o processo.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

SOCIEDADE FEMININA

Enquanto no estado de sonho, somos informados que durante o período primal do nosso desenvolvimento cultural, antigos anciãos Africanos cuidadosamente monitorizados e desenvolveu o sistema indígena de Ifa ética e prestava muita atenção a todas as atividades principais e comportamento social em seu mundo. A partir desta analogia uma sofisticada estrutura, infalível pragmática foi desenvolvido a partir do qual seus descendentes pudessem viver e usar como base para criar maravilhosas, sociedades "civilizadas" e manter a existência pacífica dentroda cominudade, eles devem escolher. Até à data, Ifá é uma das poucas retenções clássico religiões do nosso passado antigo e é preservado como uma pedra angular da ética viável continental Africano. Suas escrituras sagradas como ter sobrevivido a mais "no tato", apesar do genocídio cultural que tem ou destruídas, devastadas ou contaminado a maioria dos outros sistemas tradicionais indígenas Africano. Em sociedades onde a natureza patriarcal da ética ocidental predominam, a questão da feminilidade e o papel de cultos estão constantemente a ser discutido a importância de cultos nas sociedades ocidentais é muitas vezes subestimada, legalmente restrito e socialmente controlada em seu detrimento. No entanto, os iorubás antigos, embora gênero específico em seu formato cultural, eram extremamente atencioso com os cultos e sua importância recebida como mães ao "equilíbrio" da sociedade. Neste artigo, vamos revelar a perspectiva tradicional Ifa de como a África antiga fala com relação à questão da feminilidade e oferecê-lo como uma posição opcional que as pessoas pode Ressuscitar a medida que nos aproximamos do século 21. Iremos utilizar os dados apresentados em Osa o Odu da Megi e Ose'Tura para apoiar a nossa posição sobre a questão da feminilidade. Vamos, então, observar o que Ifá diz sobre um dos temas mais controversos da década de noventa. O Orisá que é a personificação da feminilidade sob a perspectiva é Osun. Babalawos antigo sussurro mesmo em templos de hoje orisa, orixá Osun, que continua a ter uma posição de destaque de uma enorme riqueza e honra entre os Irunmale. Mas quando estudamos. . . o oraculo também nos diz em Ose'Tura, que em tempos primordiais, ele não começou assim. Muito pelo contrário, a Irunamle não bem-vinda a participação de Osun na criação do mundo, nem respeitá-la especial "presentes". Ifá ensina que no início da criação do mundo, quando o 'time' de primeira Irunmale foram enviados para projetar e preparar o mundo para a habitação, Osun, foi contratada para andar com pé de igualdade entre os Irunmale. A aura do sagrado Orisa estava tão impregnado de Iwa Pele causado Olodumare ser especialmente satisfeito com ela que foi dado o "frisado coroa", que o direito dela como uma pessoa idosa honrado entre eles. Na verdade, a nossa mãe bendita foi ainda fornecido com o interage necessários para completar seu tribunal e cumprimentá-la ase. Mas, após a Irunmale tinha dado saudações a Ifa, Orunmila percebeu que Eles evitado e ignorado Osun.
Ele perguntou por que nenhum deles queria lidar com Osun, e Eles responderam: "É porque ela é mulher". Orunmila, em seguida, advertiu-os: "Não ir até lá, a menos que você quer que sua palavras (ase) a perecer!" Ele ainda disse a eles .... se julgar sua natureza feminina como uma fraqueza, ou estranho, ou algo para evitar e ignorar, ela é extremamente poderosa e tem um enterage dedicada de poderosos seguidores Irunmale que respondem só para ela! Uma vez que este foi revelado, o Irunmale Orunmila agradeceu e começou a consultar com Osun,Foi neste ponto, que o seu trabalho feito progresso! O Oraculo Osa Meji é um dos Odu Ifa que dita o protocolo correto que todos devem usar quando se aproxima a totalidade da feminilidade. Ase é uma expressão (Iorubá) Africana que tem um número de utilizações genéricas, mas seu significado fundamental é, a capacidade de fazer algo acontecer, ou seja,poder! Mais especificamente, Ase é que a capacidade expressa quando executado, faz um impacto significativo, perceptível, e mutável sobre seu assunto ou o objeto de sua direção. O conceito de gênero, sendo a segunda lei do universo, existe com a finalidade de seriedade, ou seja, ordem. É a outra parte da “fórmula” necessária para a manutenção adequada de equilíbrio energético. Esta é a razão pela qual a ética Africana é específica de gênero e do mundo é sempre considerado de acordo com dois gêneros primários; feminino e masculino. Estes dois sexos deve idealmente operam em freqüências determinadas uns com os outros para que as operações de ordem mundial. Segundo a tradição, tudo tem uma hierarquia pré-determinada sociais na África e é organizada em um estrato de acordo com sua vinda à existência cronológica. E um ser humano é definido de acordo com seu nível de atributos comportamentais, ou seja, Iwa Pele. A lei determinou que foi dado a Iya Mi Aje Osoronga por Olodumare, o Supremo Controlador do Universo, no início da criação está consagrado na Odu sagrado, Osa Meji, que diz: "Seu Ase será para manter o mundo ... Isso será um pássaro contido numa cabaça coberta. Exercite seu Ase com cuidado! De acordo com o Oráculo de Ifá, Iya Mi Aje Osoronga é o um dos nomes sagrados da entidade misteriosa e divina que conhecemos como poder feminino, ou seja, o sexo identificado como feminilidade, o que implica todas as características de feminilidade! Cultos Africano apresentam as características únicas em um nível humano que existem no divino "IyaMi." cabaça Iyami Aje do ritual / simboliza o útero, ou seja, , a vida intra-uterina em todas as suas expressões, enquanto o seu ícone da divindade é tangível visto no Osoronga magnífico, (Garça), uma ave exótica Africano cuja encantadora voz emite gritos na calada da noite!
IyaMi Aje conter, manter e valorizar o segredo da vida, e pode mudar a balança da ordem mundial e equilíbrio. Ela é o milagre que traz humanidade e é também a força que remove ou restringe-la. Iya Mi Aje é livremente traduzido como "Nossa Mãe que come". Muito poucas pessoas compreender ou aceita que dela emana capacitação de Olodumare, o Ser Supremo, como confirmado no Oráculo de Ifa, Odu Osa Meji. IyaMi Aje Osoronga também pune aqueles que violam as leis do universo. Ela mantém vigilância constante sobre os poderes que tem em todos os níveis da sociedade que poluem as águas, córregos, oceanos, florestas, atimosfera e de fato a terra própria! Os antigos, especialmente da África Ocidental e Central considerar culto de possuir certo tipo de poder que é extraordinário, misterioso, fenomenal, e como tal, são reverenciados em sociedades em todo o continente Africano. Todas as espécies do sexo feminino são os "escolhidos" de Iyami e, portanto, carregam a essência de Iyami, mais ou menos, dentro de seu ser e que o grau de Iyami é o que define a natureza feminina. Iyami traz paz, saúde, bem estar, e fertilidade a todos. Como a última palavra em reciprocidade, o poder de Iyami também pode trazer seca, esterilidade, à guerra e a doença, quando as leis de Olodumare são infrigidas! E assim, Africano as pessoas têm um medo que se intensificou o respeito de Iyami Aje Seja como for, Iyami continua a ter posse exclusiva dos poderes sustentação da vida! Ela monitora o cosmos em nome do bem-estar do mundo pessoas de ascendência Africana todos! Todo o mundo faria bem em prestar homenagem e tributo ritual ao poder místico de IyaMi Aje. Transformação, paciência, indulgência, calma, "a cabeça fria", força, flexibilidade, sabedoria, clarividência, sigilo, enigmático, invulnerabilidade estas são apenas algumas das virtudes da feminilidade que o estrato social Africano procura desenvolver e refinar no mais alto nível dentro de feminilidade Africano através de sociedades secretas. Culto Africano retratar-se de uma maneira "controlada" grave, através de seus vestidos códigos, estilos de cabelo e linguagem corporal. Nada é deixado "solto" ... o cabelo é cuidadosamente mantidos juntos, calças são evitadas em público e a iburun iro, bubba, e gueledé preferido como o símbolo de uma mulher culta digno de respeito pelo mundo! A composição fisiológica da espécie fêmea tem certas dimensões que regem sua natureza feminina. Os órgãos genitais femininos representam a abertura da superfície que permitir o acesso para as profundezas do nosso misterioso origens físico, e, como tal, simboliza o desconhecido. O caráter desta parte mais sagrado da feminina fisiologia é projetado para ser agradável, absorvendo a contraparte masculina de incentivar e acomodar o processo de procriação O útero interior simboliza o universo em micro;. Umidade contendo, centro de nutrição da vida, e sempre em mudança do útero. Simboliza a fertilidade, o desenvolvimento progressivo e sigilo. A mama é o último símbolo de alimento e fonte de alimento uma vez que a criança é entregue ao mundo, para as gerações futuras. O físico feminino é especial e sagrado causando ética Africana e personalizado para insistir que a integridade da anatomia feminina por adequadamente vestido! Mesmo ícones nosso orisá são blindados em pano de acordo! Como tal, os iorubás antigos criaram o código de vestimenta ideal de bubba, iro, iburun e gueledé, que quando usado pela mulher Africano, virtudes simboliza . de uma rainha Há também coisas fisicamente presente no mundo que pertencem a Iyami Aje, a terra é um símbolo de estabilidade, porque a nossa pele, cabelo, etc todos vêm dela, e retornará a ela sobre a nossa partida da física estado, a água é um símbolo de fluidez, porque ela está em conformidade com os limites da disciplina, é mutável, mas não pode ser dominado; a sombra é de símbolo de compreensão, porque ela não pode ser tocado, eo vazio é o símbolo do mistério, porque ela só pode ser apropriada por estar cheio! Pode-se dizer que quando contraparte masculina da mulher se funde com ela, ele está a tentar preencher o vazio de sua própria imperfeição! Iyami Aje Osoronga é, portanto, seres Supremo. Seus tabus são o isolamento da sociedade, e destruição da natureza em qualquer nível. Qualquer sociedade que não envolvem e têm um grande respeito pela integridade da psique feminina está caminhando para sua própria destruição! O iorubá antigos tinha um conhecimento especial do poder da feminilidade e mesmo que eles tinham uma visão exclusivamente patrilinear, eles deliberadamente atribuídas certas funções na sociedade estritamente a cultos, como o controle do dinheiro, por meio do mercado! Osa Meji nos aconselha a "tomar baixa", tome cuidado quando na presença dos poderes mais velho feminino, ou seja, uma velha . Como cultos Africanos têm a sagrada responsabilidade de guardar os nossos corpos, mentes e espíritos e lembrem-se da fonte e guardiã da nossa feminilidade. Não podemos dar ao luxo de envolver nossos deus Africano nos vícios várias partes do mundo ocidental, através da participação em comportamento humano em qualquer nível que interfira com a nossa feminilidade Africana e coloca em "risco". Cultos Africanos não pode dar ao luxo de compartilhar algumas do lazer comportamental de outras raças e culturas. Por exemplo, para uma mulher Africana de participar em qualquer tipo de grelhar atividade com alguém que não seja uma contrapartida do sexo masculino seria perigoso para o seu bem estar e ofensiva para Iyami Aje a quem pertencem todos os cultos Africanos.
Promiscuidade é evitada e inaceitável pela sociedade Africana homens, ou meninos (ou alguém) que desrespeitar, sodomizar, e de outra maneira abuso " , em qualquer lugar de qualquer idade", acabará por ser disciplinado por IyaMi Aje. Maternidade é a expressão suprema da feminilidade e deve ser o objetivo de cada mulher Africana. Africano são os cultos de sustentação cultural Africano e religião e deve sempre levar-se em público, bem como privadas, de forma, vestido, e pensei como tal. A área que circunda o útero deve ser sempre coberto, o corpo deve ser banhado da cabeça aos pés diariamente, o cabelo deve ser denominado de forma "controlada" . Expressão pública deve ser subjugada, e palavras escolhidas com cuidado e reflexão cuidadosa. Reserve o seu desentendimento com seu companheiro para os momentos privados, onde você pode livremente se expressar. Sistematicamente ensinar e monitorar seus filhos mesmo com a cultura da África e do comportamento maneira que seja favorável a um advogado culinária. que o mundo lhe dar sua posição elevada, comportando-se e vestir-se e falando de uma maneira altamente elevados.
cultos Africano formam o controle completo de sua vida social, espiritual e física muito antes de o movimento feminista ocidental veio a fruição. Uma vez que uma mulher Africana reaprende sua cultura antiga e um sistema de ética, ela tornou-se assim alinhado com todas as mães antigas que vieram antes dela, e que irá ressuscitar o seu conhecimento de si mesma dentro dela! Todos os Orisas feminina se unem em IyaMi Aje. Osun ,Oya, Yemonja, Oba, Onile, Aje, Odu, Nana Buruku, Olokun e todas as mães ancestrais são consagrados como o 'um' genérico em IyaMi Aje. Este é o fundamento da feminilidade Africana que nos faz tão forte!
ÀBÍKÚ
Àbíkú - a palavra já diz tudo: A = Nós; Bi = Nascer; Ku = Morrer [Nós nascemos para morrer] No Orun; um mundo paralelo que nos rodeia, onde vivem Deuses e Antepassados, palavra facilmente traduzível por Céu; mora um grupo de crianças chamado Egbe Orun Abiku - as crianças que nascem para morrer em curto espaço de tempo, gerando grande sofrimento para as suas famílias. As meninas são chefiadas por Oloiko [chefe de grupo] e os meninos por Ìyájanjasa [a mãe que bate e corre]. A permanência dos Abiku ou Emere é condicionada a um pacto que fazem na vinda do Orun para o Aiye [a Terra] com Onibode Orun, o porteiro do Céu. Este pacto é cumprido rigorosamente pelos Abiku, uma criança cujo acordo foi não nascer, realmente não nascerá; outra que combine voltar quando romper seu primeiro dente, terá morte súbita, por acidente ou por doença, horas ou dias após o aparecimento deste dente. Quando uma criança Abiku nasce, seu par, aquele seu companheiro mais chegado no Orun, começará a interferir em sua vida, atormentando-a, aparecendo-lhe em sonhos, a fim de que não se esqueça de seus amigos do Orun e rapidamente volte para eles, assim que houver cumprido o seu pacto. Várias histórias de Abiku nos são relatadas nos Itan Ifá, pelos odú Odi, Obara, Ejiogbe, Irete-Irosun, Otura-Rete, Iwori-Wosa entre outros [Tradição oral]. IWORI-WOSA O dia que uma criança dá o aviso que vai se suicidar Não se pode permitir que sua intenção se concretize Ifá foi consultado para Matanmi (não me engane) Que estava vindo do Céu para a Terra Ele foi avisado que deveria fazer sacrifício O que devemos sacrificar para não sermos enganados pela Morte? Carneiro O que devemos sacrificar para não sermos enganados pela Doença? Carneiro
EJIOGBE O olho da agulha não goteja pus No banheiro não se põe uma canoa a navegar Ifá foi consultado para Òrúnmìlà Quando ele fazia um pacto com Emere (Àbíkú) Um pacto fora feito com Emere (Àbíkú) Ele não iria morrer logo na flor da idade O caso do Emere (Àbíkú) agora fica seguro com Ifá A primeira vez que os Àbíkú vieram para a Terra foi em Awaiye, rei de Awaiye, num grupo de duzentos e oitenta, trazidos por Alawaiye, rei de Awaiye e chefe deles no Òrun. Na vinda para a Terra, todos pararam no portal do Céu e vários pactos foram feitos. Eles voltariam ao Òrun quando: - Vissem pela primeira vez o rosto de sua mãe; - Casassem; - Completassem 7 dias de vida; - Tivessem novo irmão; - Construíssem uma casa; - Começassem a andar. E nenhum queria aceitar o amor de seus pais, e os presentes e mimos seriam insuficientes para retê-los na Terra, e talvez alguns absolutamente não nascessem. Esta primeira leva de crianças Àbíkú combinaram entre si também roupas, rituais, chapéus e turbantes, tingidos de òsun que teriam valor simbólico de 1.400 búzios e que, se seus pais adivinhassem estas roupas e dessem-nas como oferendas, poderiam segurá-las na Terra. As roupas seriam colocadas penduradas nas árvores do Bosque Sagrado dos Àbíkú, em Awaiye, e seus pais fariam anualmente uma festa, com tambores e cantigas, para alegrar os Àbíkú, que seriam untados com òsun, e não voltariam mais ao Òrun, rompendo assim o pacto feito, e seu vínculo com o Egbe Òrun Àbíkú. Outras histórias são contadas por Òrúnmìlà sobre crianças que, depois de várias idas e vindas entre o Céu e a Terra, puderam ser conservadas vivas, devido a seus pais terem consultado Ifá e feito os Ebo determinados por Òrúnmìlà, trocando ou acrescentando um nome que os desanimassem de morrer novamente, usando folhas sagradas em fricções nos seus corpinhos, para afastar os outros companheiros Àbíkú, colocando em seus tornozelos Sawoor, fazendo em seus corpos pequenas incisões, e através delas inserindo pó preto e mágico de uma mistura de folhas, e com este mesmo pó enchendo um amuleto de couro em forma de pequeno saco, chamado Óndè que seria preso à cintura da criança. Alguns Àbíkú também deveriam colocar em seus tornozelos pesadas argolas e correntes que não os deixariam fugir para o Òrun. As oferendas eram feitas como recomendavam os Itan Ifá - troncos de bananeira, cabras, galos, pombos, roupas e chapéus tingidos com òsun, alimentos, guizos, búzios, doces, bebidas, a serem entregues no Bosque Sagrado, ou enterrados à margem de um rio, ou soltas nas águas. Estes Ebo possibilitariam aos pais reter seus filhos na Terra, e eles não morreriam mais. Porém, se apesar das oferendas, os chefes das Comunidades Àbíkú, Oloiko e Iyajanjasa insistissem em vir à Terra em busca de suas crianças, e conseguissem levá-las de volta ao Òrun, os pais deveriam marcar seus corpos com cortes, ou mesmo mutilá-los ou queimá-los, para que seus pares no Òrun não os reconhecessem ou aceitassem de volta. Também pelas marcas seriam reconhecidas quando voltassem à Terra e não quereriam mais nascer. Nas terras de ancestralidade Yorùbá, uma mãe que perde vários filhos antes ou depois do nascimento, por morte brusca, súbita ou inexplicável, procura um Bàbáláwo e descobre estar dando a luz a uma criança Àbíkú, que pode nascer e morrer inúmeras vezes impedindo-a também de ter filhos normais. O Bàbáláwo indica a necessidade de Ebo, o uso de folhas, procedimentos estes usados para afastar o Àbíkú, se os filhos da mulher estiverem mortos, e para que ela possa gerar crianças perfeitas. Ou para reter a criança na Terra e romper seu vínculo com o Òrun, mantendo-a viva. Até que a criança complete nove anos, sempre próximo à data do seu aniversário, determinadas oferendas serão feitas e depois repetidas até o Àbíkú completar dezenove anos. A criança deverá usar roupas especiais, com enfeites e cores específicas, seu nome deve ser mudado ou a ele acrescentado outro, que desestimule sua volta ao Òrun. Guizos em quantidade devem ser presos a seus brinquedos, roupas, tornozelos, pulso, pois o som dos guizos faz bem ao Àbíkú e afasta os amigos do Céu. A fava Éerù, no Brasil chamada Bejerekun, deve ser usada em banhos e chás, pacificando a criança, Efun também pode ser utilizado para acalmá-la. As folhas são usadas em fricções ou banhos, e com elas é feita a mistura mágica com a qual se protege a criança e se prepara o amuleto, que o Àbíkú carregará por toda a sua vida. O corpo da mãe também deve ser defendido e esfregado com folhas, para que ela não atraia uma nova criança Àbíkú. Se a mãe tiver também problemas com Egbe, chamada Eleeriko, uma deusa considerada o feminino de Egungun, que atormenta as crianças, marcando-lhes o corpo durante a noite, ela será avisada de que deve zelar por Egbe, entregando-lhe cabaças com oferendas no rio, e louvando-a a cada quinto dia. Também um altar com símbolos religiosos poderá ser instalado na casa, e anualmente serão feitas festas com sacrifícios de animais, tambores e dança. Nem toda criança Àbíkú é atormentada por Egbe que também pode dar filhos às mães que a louvam. Há alguns Orìkí de Egbe que demonstram bem esta ligação. Este que damos a seguir é de Ibadan, e é uma súplica para que Egbe envie crianças sadias que não sejam Àbíkú ou Emere. Mãe, proteja-me, eu irei ao rio Não permita Emere seguir-me em casa Mãe proteja-me, eu irei ao rio Não permita que uma criança amaldiçoada siga-me em casa Mãe proteja-me, eu irei ao rio Não permita que uma criança estúpida siga-me em casa Olugbon morrei e deixou filhos atrás dele Arega morreu e deixou filhos atrás dele Olukoyi morreu e deixou filhos atrás dele Eu não poderei morrer sem deixar filhos atrás de mim Eu não poderei morrer de mãos vazias, sem descendentes [1]. Dizem também alguns sacerdotes que as crianças que nascem em datas determinadas são "Abiku". E, sendo assim, pais e mães ambiciosos, programam seus filhos para que nasçam nestes dias, e até mesmo operações cesarianas são realizadas, para adequar a chegada ao mundo das crianças às datas de nascimento apropriadas para "Abikum". O modo de encarar a pessoa "Abiku" muda de casa para casa, podendo ser acrescentados ou eliminados detalhes dessa explanação. Os pais e mães de Òrìsà brasileiros deveriam reavaliar seu conceito sobre crianças Àbíkú, uma vez que estes nascimentos ocorrem não só na terra Yorùbá, elas nascem em todo o mundo e no Brasil também. É imperioso também que se instruam sobre todo o ritual sacro a ser realizado dentro da problemática Àbíkú. Vários povos ao redor do Golfo de Guinéa tem a mesma crença nos Àbíkú, embora dêem à eles nomes diferentes. Os Nupe chamam-nos de Kuchi ou Gaya-Kpeama. Entre os Ibo, são chamados Ogbanje ou Eze-Nwanyi ou Agwu ou ainda Iyi-Uwa Ogbanje. Já os Haussa chamam-nos Danwabi ou kyauta. Os Akan denominam a mãe de um Àbíkú Awomawu e entre os Fanti são conhecidos por Kossamah. Famílias que já perderam um ou mais filhos, tendem a buscar na religião um consolo e uma explicação para estas mortes, e é dever da Tradição de Òrìsà e do Candomblé Ketu, estar apta para oferecer, além de um amparo religioso que diminua o sofrimento dos pais, uma solução para que tal tragédia não mais ocorra. Temos muita pouca literatura em português sobre o assunto, talvez apenas a tradução de um excelente artigo de Pierre Verger, publicado em 1983 na Revistas Afro-Asia no 14, com uma explanação ampla sobre Itan Ifá, OrukoÀbíkú, folhas e Ofo do qual farei citações literais mais adiante. Outros autores africanos, franceses e ingleses falam sobre o assunto, em considerações superficiais ou profundas, mas suas publicações não estão disponíveis para a quase totalidade do sacerdócio brasileiro. O fato de não possuirmos no Brasil local determinado, como a Floresta Àbíkú de Awaiye, não nos impede de sacralizar parte de um bosque para receber as oferendas das famílias das crianças Àbíkú. Tomando por base as recomendações do Itan Ifá, um Ebo poderá ser montado com um pedaço de tronco de bananeira, roupas e gorros tingidos de òsun e bordados de guizos e búzios, pratos com comidas [Iyan; Akara; Ekuru; Eko; Doces; Canjica; Frutas; Mel; Guizos; Bebidas; Animais; Cabra; Pombo; Galo; Folhas]. As roupas serão colocadas nos galhos da árvores, as comidas e oferendas ao redor no chão, ou monta-se um carrego como para a morte, embrulhado em pano branco, que será enterrado ou solto nas águas de um rio. Não é necessário o uso de palavras, pois só o fato dos pais saberem qual o significado da oferenda secreta é suficiente para dar força mágica ao Ebo. Nada porém dever ser feito sem confirmação e autorização de Òrúnmìlà, pois só a ele cabe nos orientar em nossas dificuldades e dúvidas. As folhas são colhidas como oferenda e utilizadas para fazer fricções no corpo, ou na feitura de pós mágicos que serão esfregados nas incisões no corpo e rosto dos Àbíkú, e na confecção de amuletos (Onde) ou para banhos rituais. Cada folha tem sua frase mágica, chamada Ofo, que aumenta seu poder de atuação no Ebo. Cito aqui textualmente os Ofo escritos por Pierre Verger: Ewé Abirikolo, insinu Òrun e pehinda. (Folhas de Abirikolo, coveiro do Céu, voltai) Ewé Agidimagbayin, Olorum maa ti kun, a a ku mo (Folha de Agidimagbayin, Olorun fecha a porta do Céu para que não morramos mais) § Ewé Idi l'ori ki ona Òrun temi odi (Folha de Idi, dizei que o caminho do Céu está fechado para mim) Ewé Ija Agbonrin (Não ande pelo longo caminho que conduz ao Céu) Ewé Lara Pupa ni osun a won Àbíkú (A Folha de Lara Vermelha é o cânhamo dos Àbíkú) Olubotuje ma je ki mi bi Àbíkú omo (Olubotuje não me deixe parir filhos Àbíkú) Opa Emere ki pe ti fi ku, yio maa eu ni, nwon ni, nwon ba ri Opa Emere (Vara de Emere não os deixe morrer, isto lhes agrada, ver a Vara de Emere) [2]. As crianças Àbíkú devem, no sétimo dia a partir do nascimento, se forem meninas, ou no nono dia, se forem meninos (se for o caso de gêmeos, o dia certo é o oitavo) passar pelo ritual de Ikomojade , quando recebem um nome específico que desestimule sua volta ao Òrun. Nesta cerimônia são usados água, dendê, sal, mel, obì, peixe, gin, atare. NOMES ÀBÍKÚ Omolabake - Esta é uma criança que eu mimarei. Kujore - Deus poupou este aqui. Siwoku - Pare de morrer. Tire as mãos da morte. Kalejaye - Sente-se e goze a vida. Omotunde - A criança voltou. Maku - Não morra. Kikelomo - Crianças são feitas para serem mimadas. Moloko - Não tem mais enxada para enterrar. Ayedun - A vida é doce. Os nomes Àbíkú negam a morte e contam a doçura e a alegria da vida. Contam também como a Terra é bela e boa para se viver. Deve-se sempre chamar a criança por este nome, que pode ser incorporado oficialmente ou não aos seus outros nomes e sobrenomes. Isto também ajuda no rompimento do vínculo com o Egbe Òrun Àbíkú. Como a descoberta do pacto é algo difícil, sempre próximo ao dia do aniversário da criança, até que esta complete 19 anos ou pelo prazo que o Ifá determinar, devem ser feitas oferendas nos locais sacralizados, acompanhadas ou não de Ebo a Egbe Eleriko. Para Òrìsà Egbe se colocam, em uma grande cabaça, os seguintes elementos: Ovos; Akasa; Iyan; Akara; Eba; cana-de-açúcar; Obi; Éerù, Ekodide; Bananas; Àádun; Doces - em um número de 1 ou 6. Esta cabaça é fechada, colocada em um saco e solta num rio, com acompanhamento de rezas e cantigas. REZA (DE IBADAN) Egbe. a afável mãe, aquela que é apoio suficiente para aqueles que a cultuam. Aquela que veste veludo, a elegante que come Cana-de-Açúcar na estrada de Oyo. Aquela que gasta muito dinheiro em óleo de palma. Aquela que está sempre fresca e tem fartura de óleo com o qual ela realiza maravilhas. Aquela que tem dinheiro para o luxo, a linda. Aquela que sucumbe à seu marido como à uma pesada clave de ferro. Aquela que tem dinheiro para comprar quando as coisas estão caras [3]. CANTIGA [DE LALUPON] Por favor, use um Oja. O Oja é usado para atar as crianças em nossas costas. Eu posso cultuá-la todo o quinto dia. A Mãe Egbe que mora entre as plantas. Dê-me meus próprios filhos. Eu posso cultuá-la a cada cinco dias [3] Os Àbíkú não são, como querem certos autores ou sacerdotes, seres maléficos, que tem por "missão" causar sofrimento às suas mães. Eles carregam consigo, por causa de seu constante morrer/renascer, o peso de Iku, a morte, e são seres divididos entre a vontade de ficar na Terra com suas famílias e o desejo e a obrigação de retornar ao Egbe Òrun. O Bàbálòrìsà ou Ìyálòrìsà, tenho verificado que uma criança é Àbíkú, deve estar preparado para contornar a natural reação dos familiares, de medo, susto, repulsa e mesmo horror, porque a primeira impressão de pais não habituados ao assunto, é crer que o sacerdote coloca seu filho em uma classificação espiritual de maldade e perversão. Também o risco iminente de uma morte súbita apavora a família que tende a reagir com agressividade ou incredulidade, e quer garantias infalíveis e imediatas que isso não é verdade, por quaisquer meios. Portanto, é necessário que se explique aos pais o problema, e que se dê ao mesmo tempo soluções adequadas, que se cite casos e exemplos, naturalmente sem falar em nomes ou detalhes desnecessários, a fim de que os familiares concordem em ser totalmente esclarecidos e orientados para uma solução definitiva. Explicar também que oferendas "podem" reter o Àbíkú na Terra, se feitas corretamente, mas antes que tenha sido o pacto identificado e rompido, a oração e a crença profunda nos Òrìsà é de grande valia. Mães que já tenham perdido filhos Àbíkú devem ser avisadas da necessidade de oferendas para que o Àbíkú não volte a nascer de seus corpos e elas possam dar à luz crianças normais.
Por vezes o nascer e morrer inúmeras vezes de uma criança pode abalar física e psiquicamente a Mãe e recursos médicos e terapêuticos "nunca" devem ser abandonados. Pelo contrário, sua utilização deve ser incentivada, em combinação com o tratamento espiritual. Os pais não devem considerar isso com "castigo", "karma", "feitiço" ou outras explicações engendradas pela falta de conhecimento. Para isso o sacerdote deverá esclarecê-los e pacificá-los com a solidez e peso de seus argumentos. Assim, no Brasil, como nos países Yorùbá, a problemática Àbíkú será contornada e menos pais serão vítimas de sofrimento causado pela morte de seus filhos. Os Abikús são classificados em quatro modalidades: Abikú Inã ou Izô - do fogo - Esse abikú é o que "come" a cabeça mãe (mata-a) no nascimento, ou "come" a cabeça do pai por acidente posteriormente. É um dos mais difíceis abikú de trato, e traz consigo a má sorte pra quem com ele mantiver relacionamento permanente. O abikú de fogo geralmente aliena o segmento social no qual estiver envolvido e não raro desenvolve uma psicopatia irreversível após os 21 anos. Uma pesquisa feita no Brasil constatou que a maioria desses abikú ou foram doados ao nascer, ou foram adotados por de seus pais legítimos. Abikú Omí ou Azín - da água - Esse é o tipo que nasce de 6, 7 ou 8 meses.Geralmente explode a bolsa d´água da mãe nesse período e vai para incubadora. Morre precocemente ou cresce e sai desse período critico. Se seus avós forem vivos, estará ligado a eles mais do que aos pais. Seu principio de abi (vida) decorre entre 1 á 3, 5 anos e o seu processo de Ikú (morte) inicia-se entre 3 á 5. O retorno dos "amiguinhos" é feito por afogamento, tuberculose, desidratação ou cólera. A forma de evitar esse retorno é usar um nome contrário ao nome que trouxe de útero e promover trabalhos de ordem espiritual propiciando ofertas aos odús (presságios). Abikú Alé - da terra - Esse tipo segundo a ancestral cultura Yorubana, os mais trabalhosos para os sacerdotes e parentes, uma vez que está intimamente ligada aos "amiguinhos das florestas" que com frequência o chamam de volta. Muitas vezes nasce por cesariana, ou de parto normal sanguinolento. É uma criança agitada, com tendências á neuroses familiares. Tem condição congregaste e como o abikú do fogo, costuma "comer cabeças" não só de parentes, como de outras pessoas. Contrata-se esse abikú, usando o nome contrário ao seu objetivo e promovendo-se festas anuais nas quais existam o feijão-fradinho e dendê em abundância para todos. A forma de retorno também é por acidente em quedas de alturas ou por doenças de pele e órgão digestivo. O tempo de vida (se não tratado) oscila entre 4 e 8 anos. Abikú Fefé - do vento - Esse tipo difere um pouco dos outros demais, por ser de especial origem no meio do convívio das pessoas. Ele destaca-se em todo o ambiente desde seu nascimento que em geral, foi inspirado ou não planejado. Tem características próprias e pode ser facilmente induzido á manter-se na vida em face de sua instabilidade emocional inicial. Deve como os demais, ter um nome contrário ao fato constante instado ás delícias da vida. Por ter mais do que "amiguinhos" do outro lado, poderá ser salvo por Exú e Oyá na hora H.
A palavra Abikú quer dizer “aquele que vive e morre e vive novamente” ou ainda “nascido para morrer”. Os Abikú são crianças que trazem a marca da “morte” ainda no ventre materno. Os Yorubás acreditam que os Abikú já trazem consigo o dia e a hora em que vão retornar para o “outro lado da vida”. De um modo geral, esse tempo é determinado entre o nascimento e os 7(sete) anos de vida. Na Nigéria assim que nasce um Abikú são tomadas providências imediatas para que essas crianças permaneçam vivas aqui no aiyé, ou seja, na terra. Segue algumas das providências que são tomadas: assim que nasce a criança Abikú é levada e banhada num rio para que sejam afastados os espíritos que possam acompanhar essa criança.
Depois são feitas várias pinturas em determinadas partes do corpo da criança Abikú e são postos em suas pernas, braços e pulsos diversos amuletos que também servem para neutralizar os antepassados Abikú dessa criança.Na verdade, só se nasce Abikú se tiver antepassado Abikú.
A Cosmogonia Yoruba
Yoruba e um nome reservado aos povos de Oyo, que acabou por cobrir todas as etnias do mesmo tronco, hoje conhecidos como de fala yoruba. Além da antiga civilização egípcia ser considerada como remanescente da Atlântida, as afinidades entre a religião de orisa / ifa e as hoje conhecidas crenças da antiga civilização egípcia só corroboram esta afinidade Seja como for, elementos da pratica religiosa yoruba comprovam ser das primeiras praticadas na Terra e, segundo a tradição, nos foi legada pelos ancestrais instrutores espirituais do planeta. Dentro da tradição yoruba, a estrutura universal e regida por uma Divindade Suprema. Olodumare / Olorun, origem única e princípio de todos os mundos que comanda e zela pela sua evolução. Este Ser permeia todos os reinos da manifestação cósmica, desde as maiores galáxias até os ínfimos espaços inter-atômicos. Descrito como aterekaye (aquele que cobre o mundo, fazendo todos sentirem a Sua presença) e o detentor do Poder Absoluto e Onipotente, reverenciado como: Eleda - Senhor da Criação Universal - responsável por toda a criação, origem de tudo. O incriado, que existe por si mesmo. Oba ada eda - Rei de toda a existência Elemi - Senhor que confere e retira o sopro da Vida. Alaye - Senhor da Vida - o eterno e sempre existente. Ariwareehin - o Eterno senhor que conhece o passado e o futuro Dentro deste conceito de supremacia absoluta e inconcebível, a Olodumare não se erguem templos, não se idealizam a imagem e tampouco se realizam, rotineiramente, sacrifícios ritualísticos. Contudo, cada um e livre para dirigir as suas orações e louvores ao Senhor Supremo do Universo. Segundo a concepção yoruba, todo o processo de existência se desenvolve no plano físico - o aiye - e no sobrenatural - o orun. Tudo o que se manifesta no aiye tem a sua preexistência no orun. Tudo o que existe no plano material possui o seu doble no Orun. Dentro da tradição yoruba, a existência dinâmica se deve a manifestação de uma força que se denomina Ase. Sem Ase não haveria possibilidade de existência e realização, pois dele decorre todo o processo vital, como essência e forma. Tanto as divindades como toda entidade animada estão impregnadas de Ase. Como força vital, Ase é plantado, cultivado, renovado e compartilhado. Como toda energia no Universo manifestado, Ase é gasto e renovado. Receber Ase significa incorporar as representações matérias e simbólicas que representam os princípios vitais de tudo que tem existência no aiye como reflexo do orun.
Ase, como força, e neutro, mas detém qualidades e características dos elementos que contém e veicula. Ase é a energia contida numa grande variedade de substancias representativas dos reinos animal, vegetal e mineral, que se propõe movimentar. Os elementos portadores de ase podem ser agrupados em três categorias, chamadas “sangues" - porque o sangue e o veiculo energético por excelência: Sangue vermelho Sangue branco Sangue negro Todas as cores encontradas na natureza vinculam-se, em ultima instância, a uma das cores primordiais vermelha (amarelo, laranja) ou negra (verde, azul, lilás, cinzento). O amarelo é, portanto, uma variedade do vermelho, como o azul e o verde são variações do negro. O sangue vermelho compreende: No reino animal - todo tipo de sangue, humano e animal. No reino vegetal - azeite de dendê, ossun, mel. No reino mineral – cobre, bronze, ouro. O sangue branco compreende: No reino animal - o plasma do igbin, o sêmen, a saliva, o hálito, as secreções, o marfim, os ossos. No reino vegetal - a água, o álcool contido nas bebidas brancas, a manteiga de ori, o inhame. No reino mineral - efun, sal, prata, chumbo, conchas. O sangue negro compreende: No reino animal - as cinzas dos animais No reino vegetal - a terra, sementes, o sumo das folhas, o waji. No reino mineral - o carvão, o ferro, as pedras. Alguns lugares, objetos ou partes do corpo humano podem ser impregnados de ase: a língua, o coração, as vísceras, os órgãos genitais, os dentes e ossos, assim como também as raízes, árvores, sementes, as pedras e cristais, os rios, o mar, as florestas e o fogo. A pratica da religião yoruba consiste em atuação através da manipulação dos ase branco, vermelho e negro. Como dogma, baseia-se na fé numa Divindade Absoluta - Olodumare, na crença na existência e na sobrevivência da alma como sopro divino - emi, nas conseqüências das ações humanas ewo, e na Lei moral ditada pela consciência de cada um, que permeia a vida cotidiana - ifa aya. A criaçao do Planeta Terra Segundo os Itan (mitos), corpo da tradição oral que norteia todas as crenças e procedimentos da religião yoruba. Olodumare convocou Obatala / Orisa nla para elaborar o planeta Terra dentro da dimensão física. Durante a caminhada, Obatala encontrou Esu, que indagou sobre oferendas que deveriam ser feitas para a consecução do trabalho. Obatala não deu importância ao fato e, sedento, extrapolou no consumo de bebida alcoólica. Conseqüentemente, caiu em sono profundo e foi suplantado por Oduduwa, que, tomando os elementos necessários, saiu para efetuar a tarefa da criação da Terra. O local onde o trabalho teve inicio denominou-se Ife (aquilo que é amplo). Segundo a tradição, dai proveio o nome da cidade sagrada de lle Ife. Segundo a tradição de alguns clãs yorubas, Oduduwa teria sido um herói proveniente de reinos do oriente que atravessou todo o Egito, chegando ao local onde viria a ser fundada a cidade de lle Ife. Ali encontrou a população local, os Igbo, cujo rei era Obatala. Logo encontrou oposição por parte de Oreluere, ancestral guardião, partidário de Obatala. Esta oposição política a investida de Oduduwa fez nascer a Sociedade Secreta Ogboni, preservadora da justiça e dos ideais implantados ns primeiras instituições da Terra. Em território yoruba há controvérsia sobre a figura de Oduduwa, visto tanto como divindade masculina, como feminina, associada a antiga tradição das deusas da fertilidade. A controvérsia de mitos disputando entre Obatala e Oduduwa a criação da Terra revela dois momentos distintos que se complementam na memória política da civilização yoruba. Por uma lado, o mito da criação do planeta Terra e por outro, a incursão de povos estrangeiros que ali mesclaram. Disto resultou que embora rendam fisicamente, tributo a ancestralidade de Oduduwa, reconhecem em Obatala - já intitulado Orisa nla, o Grande Orisa - a divindade regente do planeta Terra. Outros itan já trazem a seguinte versão sobre a cria~o da Terra: "Munido de uma concha com terra, uma galinha e um pombo, Obatala jogou a terra sobre a imensidão das águas que cobriam o planeta e, em seguida, enviou a galinha e o pombo para espalhar a terra. Tarefa cumprida, Obatala informou a Olodumare, que enviou agemo, o camaleão, a fim de conferir o trabalho. Da primeira, vez, agemo informou que a terra ainda não estava suficientemente seca para a missão pretendida. Na segunda inspeção, comunicou que tudo estava a contento". De toda forma, tendo sido privado de cumprir a missão de criar a Terra, tornando-a habitável no plano físico - ou complementando a obra da criação - Obatala convocou Oreluere para trazer e fazer encarnar os seres que já aguardavam no Orun para concretizar a sua existência material. Fato inconteste e que, por fim, Obatala recebeu a incumbência de criar as características físicas dos corpos que deveriam abrigar os habitantes humanos do planeta. Com barro e água, Obatala confeccionou os corpos, aguardando que Olodumare complementasse com o emi - o sopro da vida que os animaria. Segundo os mitos, no inicio orun e aiye eram mundos interligados, ate que houve uma ruptura - relatada através de varias versões, que, no entanto mantém a constante de que o humano transgrediu contra o Poder Supremo e uma barreira se levantou entre os dois mundos. O privilégio desta livre comunicação foi cortado, sendo substituído pelo oráculo, legado por Orunmila.
Orisas
Como parte da criação do orun e do aiye, Olodumare criou uma infinidade de hierarquias atuantes nos diversos pianos do Universo. Dentre eles situam-se os Orisa – energias intermediárias responsáveis primordiais pelas funções relacionadas aos diversos reinos da natureza na Terra. Trata-se de Seres Divinos, facetas emanadas da Divindade Suprema Universal. Os Orisa atuam de acordo com as funções que Ihes são delegadas por Olodumare, inclusive como mediadores entre Ele e os seres humanos. A criação da Vida na Terra foi delegada ao Orisa Obatala (o rei do pano branco que esconde a vida e a morte), que com o seu ofu-rufu (sopro divino) permeou varias outras dimensões além da física. Dele emanaram os outros Orisa, com a tarefa de exercer domínio pleno sobre os diversos reinos e elementos da natureza terrestre, porem dentro dos limites e tarefas por Ele estabelecidos. Há um itan (mito) que relata como o corpo de Obatala foi atingido e partido em mil pedaços. Ao receber a noticia, Olodumare designou Orunmila para recolher todas as partes e traze-las de volta.
Recolheu-os numa grande cabaça, assegurando o seu renascimento no Orun. O restante foi espalhado por todo o mundo, fazendo com que de cada um nascesse uma divindade. Por esta razão, considera-se Obatala o Orisa maior, dentro do qual todos estão contidos - como a cor branca contem todas cores. O termo Orisa foi, inicialmente, utilizado para designar Obatala, conhecido como Orisa nla ou Osaala. A energia vital - ase - que permeia todas as forças da natureza e parte do Orisa, que representa o aspecto inteligente e estabelece um elo entre a humanidade e Olodumare. Textos mais antigos falam de igba male ojukotun, igba male ojukosi: duzentas divindades do lado direito e duzentas divindades do lado esquerdo - mais um. A concepção de características antropomórficas deve-se a condição arquetipica que Ihes é inerente. Os Orisa não pertencem a cadeia de evolução humana. C:omo personificação das mais violentas, grandiosas e incontroláveis forças da natureza, força pura, Ase (energia vital) esmagador, é evidente que Orisa desvincula-se à cadeia cármica da evolução humana. Conceber Orisa como um ancestral humano divinizado e um belo mito que confirma a filiação humana a determinada linhagem dos reinos da natureza com seus quatro elementos: água, terra, fogo e ar.
Ancestrais humanos podem ter se tornado encantados, pois a gama de seres divinizados tutelares e imensa. Alias, antes da ruptura entre Orun e Aiye - seres pertencentes a hierarquia não-humanas engravidaram mulheres, dando origem a estirpe dos chamados “semi-deuses”, vastamente mencionados, por exemplo. na mitologia grega. Diante de recentes teorias que ousam atribuir a origens não-terrestres o progresso tecnológico não condizente com o adiantamento da época - que certas civilizações arcaicas evidenciaram - poderiam os Orisa antropomorfizados estar incluídos nesses grupos. Humanos ou não, é importante notar que deles se originaram as instruções que ate hoje seguimos, com relação ao corpo ritualístico/mágico da religião. Os Orisa constituem energia pura que interfere, também, na existência dos seres humanos, já que conosco compartilham da natureza terrestre e concorrem diretamente para a nossa formação como seres individualizados. No momento em que o ser humano vem a encarnar, aceitando o seu destino, seus corpos são criados com a energia predominante de um orisa e a de outros, em menor grau formando assim um complexo inédito. As práticas e rituais da religião yoruba têm por finalidade a sintonia e integração do ser humano com essa energia divina da qual foi formado. Há pessoas que dispõem do dom de manifestar fisicamente a presença do seu Orisa. Esta manifestação é apenas uma forma de sintonia, nada tendo a ver com mérito ou elevação espiritual. Em alguns seres humanos, a predisposição inata e rituais específicos fazer aflorar com maior intensidade esta energia pura, que e o Orisa, podendo ocasionar os fenômenos do transe e da incorporação, quando o arquétipo do Orisa se manifesta de forma plena. De um panteão que atingia a casa das centenas, o numero dos que transpuseram a barreira do interesse local atinge a casa das duas dezenas, a saber: Orunmi1a. Esu, Obata1a, Ogun, Osoosi, Osanyin, Osumare, Obaiuaiye, Ibeji, Erinle, Osun, Olokun, Yemonja, Oya , Sango etc.... Há também culto a Egungun e a Iyami Osoronga, que não são Orisa, mas ancestrais.
Por que se iniciar? "Fazer santo"?
No Brasil e em vários lugares do mundo existem milhares e milhares de pessoas que, maravilhadas pelo mistério dos Orisa, quer sejam descendentes de africanos, europeus, asiáticos ou de qualquer outra raça do planeta, acabam transpondo as portas da iniciação, surpreendidos pelo paradoxo de defrontar-se com crenças alicerçadas em rituais de rebuscada complexidade e ao mesmo tempo simples de entendimento na sua essência. As cerimônias são alegres, coloridas, embaladas pelo som dos tambores nos quatro cantos do mundo, agregando pessoas de todas as camadas sociais; contudo, o aprendizado ritual e filosófico requer estudos sérios e contínuos, que acompanharão o iniciado pela vida afora. Que mistérios são esse, ocultos em meio a lendas e ensinamentos de sabedoria ancestral? O que na verdade leva pessoas às mais diferentes tradições afro-descendentes, em busca da iniciação? Iniciar-se (popularmente no Brasil diz-se "fazer santo") e possibilitar através de rituais próprios que o lado divino da criatura transpareça: é libertar o Deus Interior (Ori Inu) que existe em cada ser humano, permitindo-lhe vir a tona e provocar impulso irresistível capaz de conduzir a individualidade a realização pessoal, estabelecendo dessa maneira a mais perfeita comunhão possível com o Universo, com a Natureza, com o Criador, enfim, com a própria Vida, em seu pulsar infinito. Corpo físico, mente e alma são ritualisticamente preparados para componentes da manifestação divina. Condições propícias são estabelecidas para que a memória ancestral possa florescer nos recessos do inconsciente, produzindo muitas vezes o transe, em suas mais variadas formas e também variados graus. "Fazer santo" e nascer de novo, renascer como individuo mais forte, completo, potencialmente seguro, com melhores condições para, ao abandonar medos, traumas ou bloqueios, lançar-se inteiro na busca da realização pessoal.
Por que se iniciar? "Fazer santo"? Conhecer a si mesmo: pressuposto básico para a realização pessoal em todos os níveis, desde sua origem o ser humano anseia pelo encontro com o Infinito. Essa busca incansável freqüentemente provoca verdadeiras batalhas que são travadas no interior do individuo, acompanhadas por sentimentos de angustia, ansiedade, inconformismo ou até mesmo desespero frente ao desconhecido ou ao irremediável: as fatalidades e incertezas do amanha, o ciclo da vida, a morte. Todo esse processo destina-se a criação de ambiente propicio ao tão sonhado encontro. A historia da humanidade espelha essa incansável busca de respostas aos enigmas da vida: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? A felicidade e perseguida por todos, sendo muitas vezes um desejo alimentado pela incerteza. "Quero ser feliz, mas não sei bem o que e felicidade". E o ser humano continua a colocar a própria felicidade longe de si mesmo, em circunstancias exteriores: dinheiro, posição, poder, fama, ou na dependência de outras pessoas: "Se ele - ou ela - me amar, serei feliz". Há milhares de anos, o nativo do continente africano já tinha os mesmos anseios: conhecer seu Deus, os mistérios do Universo, a origem da Vida. Olodumare (o Criador) em sua Graça e Poder infinitos permitiu-lhes conhecer a sabedoria do IFA (a revelação): a Criação do Universo e dos seres humanos, os princípios que regulam as relações entre ilu Aiye (a Terra) o Orun (mundo espiritual) e o conhecimento dos Orisa, divindades participes da Criação e intermediarias entre Deus (Olodumare) e os homens. Desenvolveram-se rituais iniciáticos para os mistérios dos Orisa, como forma de realizar o sagrado em si mesmo, ou seja, permitir que o Deus interior, na figura de um ancestral divino, desperte em cada individuo e estabeleça a ponte com o Cosmos, tão necessária a realização pessoal, tornando-o assim capaz de fazer escolhas mais acertadas e consequentes em relação a vida e aos semelhantes, na construção da própria felicidade. A compreensão clara de que destino e possibilidade e não fatalidade e a base dessa realização. O conhecimento das forças que regem o Universo e a Vida nas suas mais variadas formas e meios de manifestação, bem como dos princípios que regulam essa interação é o caminho da Iniciação.
Iniciação: quem, quando e como? O momento do chamado é diferente para cada pessoa. Para alguns, uma doença difícil de ser curada; outros, as dificuldades do próprio caminho; outros ainda buscam fugir as religiões tradicionais por concluírem que muitas delas estão tão voltadas para o dia a dia dos homens e seus interesses imediatos que acabam fugindo a sua real finalidade: promover o encontro do ser com a Divindade ampara-lo em suas dificuldades espirituais e conseqüentemente, também as materiais. Alguns ainda são provenientes de outras religiões ou filosofias espiritualistas, finalmente, existem aqueles que simplesmente são tocados pelo Orisa, nos recessos da própria alma. Muitos são descendentes de africanos, mas não é regra. Na África o culto esta realmente ligado às famílias, mas no Brasil, principalmente a miscigenação, trouxe para toda a população a denominação afro-descendente. A iniciação (feitura) propriamente dita acontece num período de reclusão que varia de sete a dezessete dias. Esse período e comparável a gestação na barriga da mãe; nesse aspecto, o aposento sagrado representa o ventre da própria mãe natureza. O neófito aprende os mistérios básicos das divindades e da Criação; os costumes da comunidade e os princípios que regulam as relações da família religiosa (hierarquia sacerdotal); as formas adequadas de comportamento nas cerimônias publicas e restritas. Conhecimentos acerca de seu próprio Orisa Ihe são ministrados: a maneira adequada de cultua-lo, suas proibições (ewo) (quando houver), as virtudes que deverão ser cultivadas e os vícios que deverão ser evitados para atrair influências benéficas e uma relação harmoniosa com a divindade pessoal. O que pode mudar na vida do Iniciado O destino e dado a cada ser na forma de possibilidade, nunca como fatalidade. Desse modo, quem antes de voltar ao mundo escolheu, por exemplo, ser médico, a o renascer na Terra encontrara em seu caminho situações que o direcionem para essa profissão. Entretanto, isto não quer dizer que necessariamente venha a exercer a medicina. Ele pode a qualquer tempo mudar os rumos da própria vida através do exercício do livre-arbítrio (o que, alias, e um conceito universal). Cada qual constrói a própria historia. Ocorre muitas vezes a pessoa acabar fazendo escolhas erradas e sofrendo conseqüências desastrosas. Pode ser fruto de um destino ruim, que exigira tempo e determinação para ser superado. A dor transforma-se em companheira constante. Ligam-se a tudo isso os problemas do dia a dia (para não mencionar a situação difícil da sociedade contemporânea); o conjunto acaba provocando sentimentos de impotência frente aos obstáculos e encruzilhadas da vida, ou simplesmente solidão, carência de aconchego, de orientação, de coragem, carência de fé. O Orisa pessoal, nesse particular, pode influenciar e muito, prevenindo ou mesmo remediando tais situações, conferindo força e equilíbrio ao seu tutelado, restaurando-lhe as energias, estendendo-lhe proteção e orientando-o quanto ao melhor caminho a seguir. Mas o individuo deve permitir que o Orisa atue de modo construtivo na sua pr6pria vida. Orisa não representa problema no caminho de ninguém - pode significar a solução através do seu apoio divino o ser humano pode criar condições para vencer as barreiras internas e externas para a construção de um futuro melhor.
Iniciação A presença do orisa na vida de uma pessoa depende do fortalecimento do ori para acoplamento do seu ase, através do ritual de iniciação. Apos diversos tipos de ebo, banhos de folhas e bori, o iniciando está purificado e fortalecido para ter plantado no seu corpo a energia do seu orisa tutelar. Trata-se de ritual complexo e com características sob medida para a entidade única que e o iniciando em questão e o seu orisa. O ritual de iniciação não decorre de desejo próprio, mas depende de prescrição oracular conforme o próprio termo, marca, não a concretização, mas o inicio de um aprendizado e desafios constantes que requerem disciplina e dedicação espiritual pelo resto da vida. Não implica em qualquer tipo de submissão contrariada, pois o ori e soberano no seu livre-arbítrio. No entanto, uma vez tendo vivenciado a sublime e divina presença do Orisa, o afastamento deste, mesmo que voluntário, se faz sentir como um vazio sombrio que pode ate ser confundido - erroneamente - com castigo. O orisa não necessita infringir castigos, primeiro porque, como energia da natureza, não depende da adesão de devotos - nós e que precisamos do orisa - segundo, porque a sua simples ausência em nossas vidas, já se caracteriza por si só, como desgraça.