terça-feira, 16 de outubro de 2012

A Cosmogonia Yoruba
Yoruba e um nome reservado aos povos de Oyo, que acabou por cobrir todas as etnias do mesmo tronco, hoje conhecidos como de fala yoruba. Além da antiga civilização egípcia ser considerada como remanescente da Atlântida, as afinidades entre a religião de orisa / ifa e as hoje conhecidas crenças da antiga civilização egípcia só corroboram esta afinidade Seja como for, elementos da pratica religiosa yoruba comprovam ser das primeiras praticadas na Terra e, segundo a tradição, nos foi legada pelos ancestrais instrutores espirituais do planeta. Dentro da tradição yoruba, a estrutura universal e regida por uma Divindade Suprema. Olodumare / Olorun, origem única e princípio de todos os mundos que comanda e zela pela sua evolução. Este Ser permeia todos os reinos da manifestação cósmica, desde as maiores galáxias até os ínfimos espaços inter-atômicos. Descrito como aterekaye (aquele que cobre o mundo, fazendo todos sentirem a Sua presença) e o detentor do Poder Absoluto e Onipotente, reverenciado como: Eleda - Senhor da Criação Universal - responsável por toda a criação, origem de tudo. O incriado, que existe por si mesmo. Oba ada eda - Rei de toda a existência Elemi - Senhor que confere e retira o sopro da Vida. Alaye - Senhor da Vida - o eterno e sempre existente. Ariwareehin - o Eterno senhor que conhece o passado e o futuro Dentro deste conceito de supremacia absoluta e inconcebível, a Olodumare não se erguem templos, não se idealizam a imagem e tampouco se realizam, rotineiramente, sacrifícios ritualísticos. Contudo, cada um e livre para dirigir as suas orações e louvores ao Senhor Supremo do Universo. Segundo a concepção yoruba, todo o processo de existência se desenvolve no plano físico - o aiye - e no sobrenatural - o orun. Tudo o que se manifesta no aiye tem a sua preexistência no orun. Tudo o que existe no plano material possui o seu doble no Orun. Dentro da tradição yoruba, a existência dinâmica se deve a manifestação de uma força que se denomina Ase. Sem Ase não haveria possibilidade de existência e realização, pois dele decorre todo o processo vital, como essência e forma. Tanto as divindades como toda entidade animada estão impregnadas de Ase. Como força vital, Ase é plantado, cultivado, renovado e compartilhado. Como toda energia no Universo manifestado, Ase é gasto e renovado. Receber Ase significa incorporar as representações matérias e simbólicas que representam os princípios vitais de tudo que tem existência no aiye como reflexo do orun.
Ase, como força, e neutro, mas detém qualidades e características dos elementos que contém e veicula. Ase é a energia contida numa grande variedade de substancias representativas dos reinos animal, vegetal e mineral, que se propõe movimentar. Os elementos portadores de ase podem ser agrupados em três categorias, chamadas “sangues" - porque o sangue e o veiculo energético por excelência: Sangue vermelho Sangue branco Sangue negro Todas as cores encontradas na natureza vinculam-se, em ultima instância, a uma das cores primordiais vermelha (amarelo, laranja) ou negra (verde, azul, lilás, cinzento). O amarelo é, portanto, uma variedade do vermelho, como o azul e o verde são variações do negro. O sangue vermelho compreende: No reino animal - todo tipo de sangue, humano e animal. No reino vegetal - azeite de dendê, ossun, mel. No reino mineral – cobre, bronze, ouro. O sangue branco compreende: No reino animal - o plasma do igbin, o sêmen, a saliva, o hálito, as secreções, o marfim, os ossos. No reino vegetal - a água, o álcool contido nas bebidas brancas, a manteiga de ori, o inhame. No reino mineral - efun, sal, prata, chumbo, conchas. O sangue negro compreende: No reino animal - as cinzas dos animais No reino vegetal - a terra, sementes, o sumo das folhas, o waji. No reino mineral - o carvão, o ferro, as pedras. Alguns lugares, objetos ou partes do corpo humano podem ser impregnados de ase: a língua, o coração, as vísceras, os órgãos genitais, os dentes e ossos, assim como também as raízes, árvores, sementes, as pedras e cristais, os rios, o mar, as florestas e o fogo. A pratica da religião yoruba consiste em atuação através da manipulação dos ase branco, vermelho e negro. Como dogma, baseia-se na fé numa Divindade Absoluta - Olodumare, na crença na existência e na sobrevivência da alma como sopro divino - emi, nas conseqüências das ações humanas ewo, e na Lei moral ditada pela consciência de cada um, que permeia a vida cotidiana - ifa aya. A criaçao do Planeta Terra Segundo os Itan (mitos), corpo da tradição oral que norteia todas as crenças e procedimentos da religião yoruba. Olodumare convocou Obatala / Orisa nla para elaborar o planeta Terra dentro da dimensão física. Durante a caminhada, Obatala encontrou Esu, que indagou sobre oferendas que deveriam ser feitas para a consecução do trabalho. Obatala não deu importância ao fato e, sedento, extrapolou no consumo de bebida alcoólica. Conseqüentemente, caiu em sono profundo e foi suplantado por Oduduwa, que, tomando os elementos necessários, saiu para efetuar a tarefa da criação da Terra. O local onde o trabalho teve inicio denominou-se Ife (aquilo que é amplo). Segundo a tradição, dai proveio o nome da cidade sagrada de lle Ife. Segundo a tradição de alguns clãs yorubas, Oduduwa teria sido um herói proveniente de reinos do oriente que atravessou todo o Egito, chegando ao local onde viria a ser fundada a cidade de lle Ife. Ali encontrou a população local, os Igbo, cujo rei era Obatala. Logo encontrou oposição por parte de Oreluere, ancestral guardião, partidário de Obatala. Esta oposição política a investida de Oduduwa fez nascer a Sociedade Secreta Ogboni, preservadora da justiça e dos ideais implantados ns primeiras instituições da Terra. Em território yoruba há controvérsia sobre a figura de Oduduwa, visto tanto como divindade masculina, como feminina, associada a antiga tradição das deusas da fertilidade. A controvérsia de mitos disputando entre Obatala e Oduduwa a criação da Terra revela dois momentos distintos que se complementam na memória política da civilização yoruba. Por uma lado, o mito da criação do planeta Terra e por outro, a incursão de povos estrangeiros que ali mesclaram. Disto resultou que embora rendam fisicamente, tributo a ancestralidade de Oduduwa, reconhecem em Obatala - já intitulado Orisa nla, o Grande Orisa - a divindade regente do planeta Terra. Outros itan já trazem a seguinte versão sobre a cria~o da Terra: "Munido de uma concha com terra, uma galinha e um pombo, Obatala jogou a terra sobre a imensidão das águas que cobriam o planeta e, em seguida, enviou a galinha e o pombo para espalhar a terra. Tarefa cumprida, Obatala informou a Olodumare, que enviou agemo, o camaleão, a fim de conferir o trabalho. Da primeira, vez, agemo informou que a terra ainda não estava suficientemente seca para a missão pretendida. Na segunda inspeção, comunicou que tudo estava a contento". De toda forma, tendo sido privado de cumprir a missão de criar a Terra, tornando-a habitável no plano físico - ou complementando a obra da criação - Obatala convocou Oreluere para trazer e fazer encarnar os seres que já aguardavam no Orun para concretizar a sua existência material. Fato inconteste e que, por fim, Obatala recebeu a incumbência de criar as características físicas dos corpos que deveriam abrigar os habitantes humanos do planeta. Com barro e água, Obatala confeccionou os corpos, aguardando que Olodumare complementasse com o emi - o sopro da vida que os animaria. Segundo os mitos, no inicio orun e aiye eram mundos interligados, ate que houve uma ruptura - relatada através de varias versões, que, no entanto mantém a constante de que o humano transgrediu contra o Poder Supremo e uma barreira se levantou entre os dois mundos. O privilégio desta livre comunicação foi cortado, sendo substituído pelo oráculo, legado por Orunmila.

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